1ª. A (minúsculo).
Faça-o um pouco achatado, com os contornos fechados
(e não abertos), sem qualquer traço no meio dele.
2ª. ABAIXO-ASSINADO.
É um documento assinado por várias
pessoas, que contém pedido, reivindicação ou manifestação de protesto.
3ª. ABREVIAÇÕES.
Escreva as palavras por extenso. As
abreviações são consideradas incorretas. Portanto, não use abreviações quando
no corpo do texto de sua redação.
ERRADO
|
CERTO
|
P/, c/, tá, pra, qdo
|
Para, com, está, para, quando
|
Prof., edif., pop
|
Professor, edifício, população
|
Fone, cine
|
Telefone, cinema
|
4ª. ABSURDO.
Use o raciocínio absurdo, a percepção
exagerada dos fatos, para sugerir a visão alterada da personagem.
Embriagado, achou que a
mulher estava conversando com o amante e atirou no seu próprio cunhado.
Achava que o cãozinho
estava silencioso apenas para ludibriá-lo, que preparava um ataque feroz;
talvez até saltasse no seu pescoço em um momento de distração.
5ª. AÇÃO.
Quando quiser, em narrações, fazer sentir a atenção
dada pela personagem às próprias ações, mostre os pormenores da cena.
Colocou cuidadosamente o
cristal sobre a mesa, pegando a taça com a ponta dos dedos, pressionando-a
levemente, mas com firmeza. Aproximava-a da mesa muito lentamente, quase sem
fazer barulho algum ao tocá-la.
Se desejar mostrar ações sucessivas da personagem,
efetuadas sem pressa e valorizadas uma a uma, separe-as em períodos diferentes.
Entrou na sala. Caminhou
lentamente em direção ao cofre. Observou se o sistema de segurança estava
desativado. Tirou o quadro da parede. Passou a girar lentamente o segredo do
cofre, escutando atentamente quando daria o estalo que lhe permitiria abri-lo
com segurança.
Para construir na narrativa a ideia de rapidez, use
períodos curtos. Se buscar transmitir a sensação de um longo tempo
transcorrido, use frases extensas.
Correu até o
outro lado da rua. Girou a chave na fechadura. Entrou no prédio. Acenou para o
porteiro. Entrou no elevador.
Estacionou o
carro na frente do prédio, observando se a esposa já havia descido. Abriu a
caixa de discos, escolhendo o que faria a mulher lembrar dos tempos de namoro.
Reclinou o banco do automóvel, baixando o volume do rádio; pensou que a mulher
estava atrasada; devia estar escolhendo seu melhor vestido ou talvez terminando
de fazer a maquiagem com o cuidado que a ocasião merecia.
6ª. ACENTOS.
Coloque-os com clareza e corretamente, e não
simples traços displicentes (em pé ou deitados). O acento grave, levemente
voltado para a esquerda; o agudo, levemente inclinado para a direita.
Tanto o acento grave, quanto o agudo e
o circunflexo, devem ser colocados bem próximos das respectivas letras e bem
centralizados (e não distantes e de lado).
O acento não pode ser um risquinho qualquer, torto,
deformado, ilegível. Tem que ser escrito de maneira correta, clara e precisa.
Faça-os de tamanho normal, nem demasiado grandes,
nem demasiado pequenos.
7ª. ACENTUAÇÃO.
Verifique sempre a acentuação dos
vocábulos.
Procure conhecer as regras de acentuação sem,
contudo, decorá-las como papagaio.
Uma técnica
de aprendizagem infalível: Estude o assunto, por exemplo, em mais de dois autores, fazendo,
depois, os respectivos exercícios. Proceda da mesma forma com os demais
assuntos de gramática, que jamais precisará tomar curso de Português desse
capítulo.
8ª. ALFABETO.
Procure não inovar, por sua conta, o
alfabeto da língua portuguesa, a ponto de tornar sua letra praticamente
irreconhecível.
9ª. ALITERAÇÃO.
É a repetição de fonemas-consoantes,
que resulta num resultado sonoro específico.
Velho vento
vagabundo...
Chove chuva
choverando.
Boi bem
bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando.
10ª. AMBIGÜIDADE OU ANFIBOLOGIA.
Evite frases ambíguas (confusas) ou de
duplo sentido. Ocorrem em consequência da má pontuação ou da má colocação das
palavras.
A ambiguidade deve ser evitada com a
utilização de termos que expressem clara e objetivamente o que se pretende
mostrar.
FRASES AMBÍGUAS
|
CORRIJA AS EXPRESSÕES GRIFADAS PARA
|
OU
|
Alice saiu com sua irmã.
|
a irmã dela
|
a irmã de uma amiga
|
Vi José beijando sua namorada.
|
a namorada dele
|
a namorada de um amigo
|
Um ladrão foi preso em sua casa.
|
na casa dele
|
na casa da vítima
|
João ficou com Mariana em sua casa.
|
na casa dela
|
na casa dele
|
Pintaram o quarto da casa em que
durmo.
|
no qual durmo
|
na qual durmo
|
11ª. ANULADA.
A redação poderá ser anulada, ou
receber nota zero, se:
Estiver ilegível.
Fugir do assunto.
For escrita a lápis.
For escrita com rasuras e sem título.
For apresentada sob a forma de verso.
Não obedecer ao espaço e ao número de
parágrafos determinados.
Não seguir as instruções relativas ao tema
escolhido.
Tiver menos ou mais linhas do que a
quantidade preestabelecida.
Contiver cópias das ideias do texto de motivação,
quando este for dado.
Contiver elemento que identifique o
candidato (como letra de forma ou de imprensa, por exemplo).
12ª. APOSTO.
Use o aposto — explicação sobre um
termo ou expressão da frase — quando, ao mesmo tempo que caracterizar, você
pretender explicar a própria atitude da personagem.
Mariana,
enfurecida, arremessou o valioso colar no rio.
A
Universidade pública deve ser defendida por todos, ricos ou pobres.
O estudo do
Romeno, língua neolatina como o Português, pode ser bastante facilitado com o
uso de uma gramática comparativa.
13ª. ARGUMENTAR.
Não comece a redação com períodos
longos. Exponha logo suas ideias.
Não fundamente seus argumentos com
fatos que não sejam de domínio público.
Os argumentos do desenvolvimento da
redação devem surpreender o leitor. Suas ideias precisam ser saborosas para atrair sua
atenção.
Dê sua opinião, argumentando. Não use
expressões como eu acho, eu penso, para mim ou quem sabe, pois denotam imprecisão em
suas ponderações. É preciso mostrar conhecimento e domínio sobre o tema que
está escrevendo.
14ª. ARTIGO, PREPOSIÇÃO: A, À, PARA, PARA A.
A (artigo): Fui a Salvador (fui e
voltei logo).
PARA (preposição). Fui para Salvador
(fui e vou passar alguns dias ou morar lá).
À (craseado): Fui à fazenda (fui e
voltei logo).
PARA A (preposição + artigo): Fui para
a fazenda (fui e vou passar alguns dias ou morar lá).
15ª. ASPAS.
Vêm entre aspas:
Os estrangeirismos (as palavras
estrangeiras): “Pizzaria”, “mobylette”, “show”, “vídeo game”. Observação:
Matinê, buate e pingue-pongue, no entanto, não vêm entre aspas, por serem
estrangeirismos aportuguesados.
Os apelidos: “Zezinho”, “Juca”, “Nice”.
As citações que não sejam de sua
autoria: “Oxalá não se me fechem os olhos sem que o queira Deus”. (Rui
Barbosa). “Se viveres com dignidade, não melhorarás o mundo, mas uma coisa é
certa, haverá na terra um canalha a menos” (Confúcio). Observação: As citações,
quando não colocadas entre aspas, constituem plágio, o que é errado e
desonesto. Plagiar, segundo o dicionário do Aurélio, é “assinar ou apresentar
como seu obra artística ou científica de outrem” (de outro autor).
As gírias. Isto é, as palavras usadas
em sentido figurado. A festa foi um “barato” (ótima, “legal”). Não “saquei”
(entendi) nada. Aliás, evite usar gírias.
16ª. ASPECTO VISUAL.
Qualidade da letra, margem, espaços
entre as palavras, legibilidade, limpeza, pontuação, facilidade de leitura,
parágrafos (espaços), períodos (se não deixou períodos longos).
17ª. ASSÍNDETO.
É a ausência de conjunções
coordenativas no período composto.
Cheguei, vi,
venci.
O barco
veio, chegou, atracou, chegamos.
18ª. AVALIAÇÃO.
A autocrítica pode ser essencial quando
se deseja melhorar o texto.
Avalie o texto. Verifique se as frases
soam bem, se não contêm cacófatos ou rimas. Começou bem a redação e terminou-a
melhor ainda?
A avaliação de uma redação segue um
critério rigoroso, pois está relacionada à norma culta da língua portuguesa.
Além da parte específica de gramática, muitas vezes recorre-se à grafologia
para verificar-se o perfil psicológico e pendores vocacionais do candidato à
função que pleiteia.
19ª. BARBARISMO OU ESTRANGEIRISMO.
É a utilização de palavras ou construções
estranhas à língua portuguesa. Evite usá-lo.
ESTRANGEIRISMOS
|
PREFIRA
|
Show
|
espetáculo
|
Jeans
|
calça de brim
|
20ª. BATE-PAPO.
Evite a projeção de bate-papo, ou seja,
escrever com estilo coloquial numa redação.
A Guerra do
Iraque foi duramente criticada, vai daí que os americanos tiveram abalado seu
conceito de democracia.
A expressão “vai daí que” é da fala
coloquial, devendo ser substituída por uma construção mais adequada:
A Guerra do
Iraque foi duramente criticada e, em função de sua postura, os americanos
tiveram abalado seu conceito de democracia.
Ele repetia
tudo o que dizia, que nem um papagaio de madame.
A palavra adequada é como; “que nem”
desmerece o texto em que está inserido, a não ser que represente a fala popular
da personagem.
21ª. BILHETE.
É uma forma de comunicação da língua
escrita, bastante simples e breve.
22ª. BOM SENSO.
Evite construções complexas. Leia o
texto várias vezes para ter certeza de que ficou claro e preciso.
23ª. BRANCO.
Em caso de dar branco, procure relaxar e tente escrever qualquer coisa,
desde que dentro do assunto e com um mínimo de sentido.
24ª. CABEÇALHO.
Não há pontuação após os dados do cabeçalho.
Faça o cabeçalho de sua redação
completo, com todos os dados indispensáveis, dentro da estética, ou seja,
organizado, perfeitamente alinhado um embaixo do outro e no centro do papel.
25ª. CACOFONIA OU CACÓFATO.
É o encontro de sílabas que formam
palavras de sentido ridículo ou obsceno, com a produção de som desagradável.
ORAÇÕES COM CACÓFATOS
|
ESCREVA-AS ASSIM
|
Meu coração por ti gela.
|
Meu coração gela por ti.
|
Vou-me já para casa.
|
Já estou indo para casa.
|
O noivo beijou a boca dela.
|
O noivo beijou-a na boca.
|
Nunca gaste dinheiro com bobagens.
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Jamais gaste dinheiro com bobagens.
|
26ª. CALIGRAFIA.
Escreva com capricho e nitidez, procurando tornar
sua grafia clara, uniforme e bem legível.
Se tiver a grafia ruim, faça de tudo
para melhorá-la, porque uma redação escrita com capricho e grafia bonita
impressiona favoravelmente.
Não invente traços novos nas letras e
não enfeite demais as maiúsculas, pois o leitor do texto pode não compreender o
que você está escrevendo.
27ª. CARACTERÍSTICO.
Observe os seres no que têm de mais
característico. Procure traduzir essas impressões ou os fatos sem se alongar em
considerações desnecessárias, que nada acrescentem de importante à cena ou ao
fato.
Ombros
curvados, cabelos escuros que o pente mal vira, passos arrastados – um homem
ainda moço, levando consigo a carga de uma pesada e infeliz vida.
Em um canto,
calada, estava Maria, com seus grandes olhos negros, cabelos que caíam em
cascata pelos ombros, dona de uma beleza intrigante e misteriosa. Para ela tudo
era novo e assustador.
28ª. CARTA.
É uma das formas de comunicação da
língua escrita, usada desde a antiguidade. Por meio dela você (remetente) pode
dizer às pessoas (destinatários) o que faz, o que pensa, o que deseja.
A primeira carta de que se tem registro
foi escrita há 4 mil anos, na Babilônia e se tratava de uma correspondência
amorosa.
29ª. CENA.
Para descrever aspectos de uma cena, veja
se deve empregar pronomes indefinidos ou adjuntos adverbiais, de modo a
ordená-la.
A escada já
lhe era conhecida. No entanto, uma passadeira nova cobria os degraus
desgastados, tentando trazer um pouco de claridade e alegria ao ambiente
envelhecido e quase sem vida.
Uma mulher
ainda jovem procurava o endereço que trazia nas mãos. Seu olhar vagava aflito.
Quem a observasse poderia confundir aquela expressão ansiosa... Na verdade, o
que ela esperava é que, realmente, o tal endereço não existisse.
30ª. CHAVÕES, CLICHÊS, FRASES FEITAS, JARGÕES, LUGARES COMUNS, MODISMOS
Evite-os, pois empobrecem o texto e
demonstram a ausência de originalidade, falta de imaginação e de bom gosto.
A inflação
galopante, rigoroso inquérito, vitória esmagadora, astro-rei.
Caixinha de surpresas,
nos píncaros da glória, encerrar com chave de ouro, nos primórdios da
humanidade.
Não é fácil
falar a respeito de… Bem, eu acho que… A esperança é a última que morre. …um
dos problemas mais discutidos da atualidade.
31ª. CLAREZA.
Redija frases curtas e, portanto, use
ponto à vontade.
Escreva com toda a simplicidade e
clareza, sem embolar o assunto. Ser claro é ser coerente, conciso, não se
contradizer.
São inimigos da clareza: a
desobediência às normas da língua, os períodos longos e o vocabulário difícil,
rebuscado ou impreciso.
O segredo está em não deixar nada
subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o que se quer dizer. Evidencie
todo o conteúdo da escrita. Lembre-se de que está dando uma opinião,
desenvolvendo ideias, narrando um fato. O mais importante é fazer-se entender.
TEXTOS EMBOLADOS CONFUSOS
|
CORREÇÃO
|
Participei
de um campeonato tirei segundo lugar em ping-pong e ganhei medalha de prata.
|
Participei
de um campeonato de “ping-pong”, no qual tirei segundo lugar, tendo ganhado
uma medalha de prata. NOTA: “Ping-pong”, entre aspas, por ser estrangeirismo.
|
Comemoramos
o aniversário de meu pai que foi uma surpresa para ele, fizemos um churrasco
com muitas bebidas.
|
Comemoramos
o aniversário de meu pai e, como surpresa para ele, fizemos-lhe um churrasco
com muitas bebidas.
|
Na hora de
ir embora nós fomos pela canoa, a mesma começou a balançar, eu na ponta da
canoa fazendo a danada balançar, teve uma vez que a canoa quase emborcava, eu
tomei um choque.
|
Na hora de
voltarmos, viemos numa canoa que começou a balançar, sendo que eu, que estava
na ponta da canoa, fi-la balançar mais ainda. Houve um momento em que ela
quase emborcava, quando tomei um grande susto. ATENÇÃO: “Tomar um choque” é receber uma
descarga elétrica. Portanto, a expressão está usada indevidamente. No caso, a
expressão adequada é “tomar um susto”.
|
32ª. COERÊNCIA.
A coerência entre todas as partes do
texto é fator primordial para se escrever bem. É necessário que elas formem um
todo, ou seja, que estabeleçam uma ordem para as ideias, se completem e formem
o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as consequências.
Em muitas redações fica patente a falta
de coerência. O candidato apresenta um argumento e o contradiz mais adiante. As
ideias contidas no texto devem estar interligadas de maneira lógica. O
vestibulando não pode expor uma opinião no início do texto e desmenti-la no
final. Deve-se ter cuidado redobrado para não se cometer esse tipo de erro.
Em vestibular da FUVEST, o candidato
saiu-se com a seguinte frase: “...a
palidez do sol tropical refletia nas águas do rio Amazonas”. Convenhamos
que o sol tropical pode ser acusado de muitas coisas, menos de palidez. O riso
provocado pela leitura do texto poético é derivado de um caso de incoerência no
uso da imagem.
33ª. COESÃO.
A falta de coesão provoca a
redundância. Fica-se dando voltas num assunto, sem acrescentar-lhe nada de
novo. É típico de quem não tem informação suficiente para compor o texto.
Em lugar de: Comprei sorvetes.
Dei os sorvetes a meus filhos.
Deve-se usar: Comprei sorvetes. Dei-os
a meus filhos.
34ª. COLISÃO.
É a sequencia desagradável de
consoantes ou sílabas idênticas.
ORAÇÕES COM COLISÃO
|
REDAÇÃO MELHOR
|
Jorge já jantou.
|
Jorge acabou de jantar.
|
O rato roeu a roupa da rainha.
|
O rato roeu os nobres tecidos que
compunham os trajes da rainha.
|
35ª. COLOQUIALISMO.
Uso da língua na forma como é escrita,
ou seja, é uma armadilha para o aluno o emprego de termos coloquiais, gíria e
jargão. Expressões coloquiais só são aceitas na reprodução de
diálogos. Isso não significa que o texto tenha de ser empolado, de
difícil entendimento.
Evite usar as expressões: só que, que nem, é o
seguinte, etc.
36ª. COLORIDA.
Procure dar, às suas personagens, uma
linguagem não só adequada, mas, também, colorida por imagens pertinentes, ligadas a elas e ao
assunto.
A senhora
soltou um pequeno grito, e o rapaz, de vermelho que estava, fez-se cor de cera;
mas Botelho procurou tranquiliza-los.
O primeiro
raio do sol encontrou Tapirapé moreno, pele molhada, com cabelo e olho bem cor
de noite sem lua, sentado na folha redonda do mururu.
37ª. COMEÇO.
Uma redação não é nenhum bicho de sete cabeças. Respire fundo.
Três vezes. Devagarinho. Deixe o ar chegar lá em baixo, no fundão da barriga.
Visualize o umbigo. Sorria para ele. Por dentro e por fora. Escolha uma frase
bem atraente. Pode ser uma declaração, uma citação, uma pergunta, um verso, a
letra de uma música. Depois desenvolva o seu tema. Cada ideia num parágrafo.
Por fim, conclua. Com fecho de ouro.
38ª. COMPARAÇÃO.
É a aproximação de dois termos
entre os quais existe alguma relação de semelhança, como na metáfora.
Quando usar comparações, escolha
a conjunção que as introduz em função do tipo de linguagem que está empregada.
Use a comparação, hipotética ou
não, quando perceber que estabeleceu entre o ser que você descreve e outro uma
semelhança interessante e que ela vai enriquecer seu texto.
A liberdade
das almas, frágil, frágil como o vidro.
A chuva caía
como lágrimas de um céu entristecido.
As chamas,
como língua de monstro, saíam pelas janelas.
39ª. COMUNICAÇÃO.
Em situações de comunicação
descontraída e, sobretudo, oral, você pode, conforme o caso, substituir o
futuro do presente pelo imperativo.
Não saia
(sairás) até que tenhamos concluído esta conversa.
Eu não sabia
que ele era o meu pai. Veja (verás) que não minto, basta que me dê a
oportunidade de provar.
40ª. CONCISÃO.
Elimine palavras ou expressões
desnecessárias.
Escreva com clareza e, na medida do
possível, diga muito com poucas palavras.
Concisão, clareza, coesão e elegância:
palavras-chaves que definem um texto competente num exame vestibular.
Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso.
Use frases curtas e evite intercalações excessivas ou ordens inversas
desnecessárias.
O aluno deve expressar o pensamento com
o menor número de palavras possível. Aquilo que é desnecessário deve ser
eliminado. A concisão dá ênfase ao estilo. O prolixo prejudica e enfraquece o
texto, além de tirar o brilho de suas ideias.
EM VEZ DE
|
EMPREGUE
|
...neste momento nós acreditamos.
|
...acreditamos
.
|
Travar uma
discussão.
|
Discutir.
|
41ª. CONCLUSÃO.
Não conclua sua redação, jamais, com as
seguintes terminologias: concluindo, em resumo, nada mais havendo, poderia ter feito melhor,como o tempo foi curto, etc.
Termine-a, sim, com conclusões
consistentes (e não com evasivas).
42ª. CONCORDÂNCIA.
Cuidado para não cometer erros
gramaticais, como de concordância.
Lembre-se de que o verbo sempre
concordará com o sujeito e os nomes devem estar concordando entre si.
ERRADO
|
CERTO
|
Falta cinco alunos.
|
Faltam cinco alunos.
|
Fazem dez dias que não chove.
|
Faz dez dias que não chove.
|
Minas férias começou.
|
Minhas férias começaram. (plural, com
plural, isto é, férias concordando com começaram).
|
Os meninos saltavam descalço sobre as
poças d´água da rua.
|
Os meninos saltavam descalços sobre
as poças d´água da rua.
|
43ª. CONHECIMENTO LINGÜÍSTICO.
Use todo o seu conhecimento gramatical.
Faça um rascunho e ao passar o texto a limpo, observe se faltam acentos, sinais
de pontuação, se há erros de grafia, termos de gíria, impropriedade vocabular.
44ª. CONJUNÇÃO.
Seja cauteloso ao utilizar as
conjunções como, entretanto, no entanto, porém. Quase sempre são dispensáveis.
Evite o exagero de conectivos
(conjunções e pronomes relativos) para evitar a repetição e para não alongar períodos.
Para mostrar hipóteses diferentes, as
dúvidas e conflitos de reflexão da personagem, explore as conjunções
alternativas e adversativas.
Sim, sou
homem e deixei-me levar por meus instintos. Como a senhora deve saber, sou
respeitador. Nada farei que desabone a minha conduta.
Elvira era
simplesmente uma entre as outras empregadas domésticas da mansão. Tinha, no
entanto, seus sonhos, alguns até mesmo ousados, e uma quase certeza de
conseguir alcançá-los. Mas como? Decidiu, após muito pensar. Se ficasse mais
algum tempo naquele trabalho, poderia conseguir uma promoção para chefe das
serviçais ou, pelo menos, um aumento no ordenado, já que desempenhava com
esmero suas funções. E, a partir dessa convicção, tornou-se exemplar.
45ª. CONJUNTO.
Quando quiser descrever um conjunto,
empregue termos indicadores de lugar que revelem posição, aproximação ou
afastamento de aspectos diferentes do conjunto.
Estavam
todos os cavaleiros em volta da mesa. Nem todos, porém, tinham o mesmo
prestígio na corte. Perto do rei estavam os mais destacados nobres: Marcelo, à
esquerda; Eduardo, à direita. O primeiro trajava negro com as insígnias reais e
o brasão de família. O segundo trajava azul e não trazia insígnias. Uma
armadura reforçada cobria seu tórax.
46ª. CONSTRUÇÕES.
Não escreva construções como lá em Recife, aqui em Salvador mas, sim, em Recife, em Salvador.
47ª. CONTEÚDO.
Um bom texto não é apenas o texto
correto, sem erros gramaticais. Ele deve ter conteúdo.
O conteúdo, que vale, no mínimo, 5
(cinco) pontos numa redação, não pode ser ridículo, nem infantil, mas
deve ser simples.
Tome-se, como exemplo, o seguinte tema:
O Acidente Nuclear de Chernobyl. Ao redigir sobre esse tema, não se pode
esquecer, de forma alguma, de abordar os seguintes assuntos:
Nos próximos 30 (trinta) anos ainda vão
morrer mais de 5 mil pessoas na Rússia e em países circunvizinhos, em consequência
desse acidente.
A economia dos países vizinhos foi
enormemente prejudicada, porque eles foram contaminados pela radioatividade.
Mais de 100 mil habitantes da
cidade de Kiev foram evacuados, para que ela fosse despoluída, tornando-se uma
cidade fantasma.
Os programas de energia nuclear foram
quase totalmente paralisados, em todo o mundo, em razão dessa terrível
tragédia.
Ficou comprovado, com esse acidente,
que o homem ainda não está dominando, inteiramente, com segurança, a tecnologia
da energia nuclear. A sua utilização e expansão, portanto, precisa ser
repensada.
Faça sempre uma análise crítica do que escreveu,
como, por exemplo, através das seguintes perguntas: Sua redação é interessante?
A leitura do texto é agradável? Tem boas ideias? O texto dá uma boa ideia
daquilo que foi descrito? O texto está bem organizado?
Presume-se que o candidato prestes a ingressar numa
universidade tenha certa cultura. Assim sendo, não pode encarar o tema da
redação de modo infantil ou rasteiro. É por meio do conteúdo, especialmente,
que o professor irá aquilatar a capacidade ou o grau de conhecimento do aluno.
48ª. CONTO.
É a mais breve e simples narrativa,
centrada em um episódio da vida.
49ª. CONTRADIÇÃO.
Para desenvolver a impressão de
contradição, use conjunções adversativas. Se for o caso, varie as conjunções,
observando as que se prestam a determinada situação.
Um homem
gordo, bem vestido, porém sem pompa, saiu logo a seguir. Dirigiu-se ao carro,
com passo leve e animado, mas não entrou.
O caso
estava praticamente resolvido, mas alguma coisa ainda perturbava o Inspetor. A
testemunha jurara ter dito a verdade, contudo sua voz não parecia firme como
deveria estar naquela circunstância.
50ª. CONTRASTE.
Para manter a curiosidade do leitor com
relação a personagens (ou cenário) contrastantes, oponha um a um os elementos
em contraste.
Letícia,
bonita, rica e cheia de preconceitos, olhava com desprezo a jovenzinha
mirrada e pobremente vestida que tentava vender doces, aproveitando o sinal
fechado.
A magreza e
a palidez da jovem que se inspirava nas modelos de passarela, contrastava
violentamente com as faces coradas e cheias de vida da amiga saudável, cujos
padrões de estética divergiam frontalmente das de sua companheira.
51ª. COORDENAÇÃO.
Coordene suas ideias como se estivesse
contanto uma história: o seu texto deve ter início (introdução), meio
(desenvolvimento) e fim (conclusão).
52ª. COR.
Escreva apenas com caneta preta ou azul.
O rascunho ou o esboço das ideias podem ser feitos a lápis e rasurados. O texto
não será corrigido em caso da utilização de lápis ou caneta vermelha,
verde, etc na redação definitiva.
53ª. CORREÇÃO GRAMATICAL.
A linguagem utilizada na redação precisa
estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios
estabelecidos pela gramática.
Tenha o máximo de cuidado para que sua redação não
apresente, principalmente, nenhum erro de ortografia, acentuação, pontuação e
concordância, seja ela verbal ou nominal.
Conhecer as normas que regem o uso da
língua é fundamental para a produção de um texto correto. Em caso de dúvidas na
redação, consulte sempre um bom livro de gramática.
54ª. CRASE.
Expressões com crase: À beça, à toa,
etc.
Uso corriqueiro da crase, mas
absolutamente errado: Marcelo reside à Rua (Avenida, Praça, etc). O correto é:
Marcelo reside na Rua, na Avenida, na Praça, etc. (Quem reside, reside em
algum lugar).
55ª. CRIATIVIDADE.
É claro que uma abordagem original do
tema valoriza seu texto. No entanto, o vestibulando deve ter cuidado para não
confundir criatividade com ideias esdrúxulas. Na gíria estudantil, não viaje.
Lembre-se: Ninguém pode exigir que
escreva bem, como um escritor, pois isto pressupõe talento; as faculdades querem
que se escreva certo.
56ª. CRÍTICA.
É um tipo de redação que aprecia e
avalia livros de caráter científico ou literário, além de manifestações
artísticas ligadas ao cinema, ao teatro, à música, etc.
Habitue-se a criticar sua redação,
procurando ver se todos os seus pormenores colaboram para criar a ideia que tem
em mente.
Solicite a uma terceira pessoa, de bom
conhecimento técnico ou nível escolar, para ler e fazer críticas sobre o seu
texto, pois a leitura demasiada de nossos próprios trabalhos torna-nos cegos
para determinados pontos.
57ª. CRÔNICA.
É uma narrativa curta que retrata, em
geral, fatos do cotidiano, presenciados ou não pelo narrador, escrita numa
linguagem leve, de caráter jornalístico.
58ª. CURRÍCULO.
É um documento que reúne as informações
profissionais para alguém que se candidata a um emprego. Contém objetivo,
formação escolar, idiomas que domina, experiência profissional, pretensão
salarial, etc.
59ª. DESCRIÇÃO.
Descrever é fazer um retrato com
palavras, isto é, apresentar, detalhadamente, características de pessoas,
animais, objetos, lugares, etc.
Quando quiser estabelecer uma ordem cronológica na
sua descrição, mostrando as mudanças sucessivas da paisagem, use termos que
indicam sucessão (sobretudo adjuntos adverbiais de tempo).
60ª. DESENVOLVIMENTO.
É a redação propriamente dita. No
desenvolvimento, o aluno deverá discutir os argumentos apresentados na
introdução. Em cada parágrafo, escreve-se sobre um argumento.
Tenha sempre em mente que o examinador
de sua dissertação provavelmente seja uma pessoa culta, que lê bons
jornais e revistas e tem bastante conhecimento geral, portanto não generalize.
É a parte mais importante em qualquer
texto. É quando podemos nos aprofundar nas ideias que, por enquanto, foram
apenas mencionadas na introdução. Os argumentos devem ser apresentados em
função da ideia e organizados com clareza para não confundir o leitor. Devemos
ser cuidadosos para que o texto não se torne inconsistente e imaturo por falta
de informação de nossa parte. Para isso, é preciso que nos ilustremos, lendo
revistas, jornais e livros; assistindo a noticiários na televisão; frequentando
o maior número possível de produções culturais a que tivermos acesso - teatro,
“shows”, exposições, etc. Em qualquer uma dessas atividades, assuma uma posição
crítica questionadora que resultará em análises objetivas e, consequentemente,
em julgamentos coerentes. Evite radicalismos, ofensas pessoais, nacionalismos
piegas e “achismos” (eu acho, eu penso)
61ª. DIÁLOGO.
É a conversa entre duas ou mais
pessoas. A fala de cada personagem é indicada, na escrita, por um travessão.
Ao apresentar um diálogo, ou a personagem pensando,
use o presente do indicativo para sugerir a proximidade do fato futuro.
62ª. DIÁRIO.
É uma das formas do registro do mundo
interior, ou seja, das confissões, dos segredos, etc, de uma pessoa.
63ª. DICAS.
Ao escrever uma redação, faça, primeiramente, uma
lista de tudo o que lhe vier à memória.
Quanto mais ideias, melhor.
Não se preocupe em saber se as ideias são boas ou
más. Escreva-as, simplesmente.
Anote tudo, sem ordem, sem critério,
sem censura.
Use palavras simples e frases curtas.
Selecione as ideias e estruture o seu texto.
64ª. DICIONÁRIO.
Em vez de sair por aí “chutando”
palavras cujos significados você não conhece bem, utilize-se de um bom
dicionário, em livro ou disquete, para aumentar o vocabulário.
65ª. DIMINUTIVO.
Use o diminutivo com muito cuidado, e
sempre quando for importante marcar a dimensão dos seres, ou a afetividade
(carinho, desprezo) da personagem com relação a esses seres.
Pegou o
banquinho para apoiar o pé enquanto tocaria violão.
Disse para a
avozinha que lhe traria o doce de goiaba de que tanto gostava.
66ª. DISCUSSÃO.
Falar e ouvir são meios de
desenvolvimento do espírito humano. O debate de ideias pode levar a um
resultado enriquecedor.
67ª. DISSERTAÇÃO.
Nunca se inclua em sua dissertação,
principalmente para contar fatos de sua vida particular.
É uma redação que, através do
raciocínio, expõe ideias, doutrinas, impressões, pontos de vista.
Utilize sempre, em suas dissertações, a primeira
pessoa do plural em vez da primeira pessoa do singular.
A dissertação é a forma mais comum de
redação. É a mais solicitada nos exames vestibulares e provas de colégio.
Dissertar é defender uma opinião
a respeito de determinada questão. Para isto, precisamos conhecer o assunto e
refletir sobre ele.
É analisar um assunto proposto,
emitindo opiniões gerais. Deve ser feito de modo impessoal e com total
objetividade. Essa visão imparcial perde-se quando o autor confunde a
problemática que está analisando com os problemas particulares que possa ter.
68ª. DIVAGAR.
“Estou
sem inspiração para fazer uma redação. Escrever sobre a situação dos sem-terra? Bem que o professor poderia propor outro
tema.”
Não fale de sua redação dentro do
próprio texto, porque isso demonstra insegurança e vazio de ideias. Ademais,
sua nota ficará seriamente comprometida quando da avaliação do conteúdo.
69ª. DOIS PONTOS.
As citações vêm sempre após dois
pontos.
Lá, fiz diversas coisas:
tomei banho de piscina, na sauna, montei cavalo e charrete, comi cacau, etc.
Use dois pontos, antes de uma enumeração, se quiser
valorizar os termos que a constituem.
Descobri a
grande razão da minha vida: você.
Já dizia o
poeta: Deus dá o frio conforme o cobertor.
70ª. E (minúsculo).
Faça-o um pouco aberto, para não ficar
parecendo “i”, de forma que o seu interior apareça com toda a nitidez.
71ª. ECO OU ASSONÂNCIA.
É a repetição desnecessária de palavras
terminadas pelo mesmo som, provocando rimas desagradáveis, com um ritmo batido
e monótono.
FRASES COM ECO
|
ESCREVA-AS ASSIM
|
Neste momento eu tive um aumento de vencimento.
|
Tive
aumento de salário.
|
Clemente, certamente, está descontente com
o parente.
|
Clemente,
com certeza, está aborrecido com o primo dele (como poderia ser irmão, etc).
|
72ª. EDITORIAL.
É um artigo que exprime a opinião do
órgão jornalístico. É o jornalismo opinativo.
73ª. ELEGÂNCIA.
A leitura de um texto elegante, que
deve ser criativo e original, torna-se agradável ao leitor.
Fuja de gírias e palavrões. Mantenha
uma certa elegância no seu texto, sem cair em pedantismos exagerados.
A elegância começa pela própria
apresentação do texto, ou seja, limpo, sem borrões ou rasuras, e com letra bem
legível. Importantíssimo atentar, também, para a correção gramatical, a
clareza, a concisão e para o conteúdo da redação, que deve ser original e
criativo.
74ª. ELIPSE.
É a omissão de um termo previsível,
subentendido, que deixa de ser expresso por ser óbvio, mas também confere
elegância à frase.
Vida
interessante, a dele...
Na rua, um malvado;
em casa, um santo.
A casa era
pobre. Os moradores, humildes.
75ª. EM, NO, AO, NA, À.
ERRADO
|
CERTO
|
Fui em Jequié, na fazenda, no jogo.
|
Fui a Jequié, à fazenda, ao jogo. A
regência do verbo ir exige preposição “a” e não “em”. (Quem vai, vai a algum
lugar, e não em algum lugar).
|
76ª. EMBROMAÇÃO.
É o famoso enche linguiça. Fica-se
dando voltas no mesmo lugar, usando-se palavras vazias e embromatórias.
A vida,
única e exclusivamente, é tão complexa que, apesar de tudo, não obstante o que
possam dizer, torna-se altamente problemática.
77ª. EMOÇÃO OU LINGUAGEM EMOCIONAL.
Não analise os temas propostos movido
por emoções exageradas. Mantenha-se imparcial em quaisquer circunstâncias.
Não transforme seu texto em desabafo
nem em panfleto, com linguagem apaixonada. A emoção deve ficar no rascunho,
enquanto que no texto definitivo você deve chamar a razão para auxiliá-lo.
Quando nos exaltamos a respeito de
determinado assunto ou sobre a pessoa de quem estamos falando, infringimos a
boa norma da escrita padrão, por fazermos uso de juízos de valor sobre os
fatos. A objetividade é imprescindível, a fim de que o texto se mantenha
imparcial e claro.
Existem alguns temas dissertativos que
envolvem a análise de assuntos dramáticos, que causam revolta e indignação pela
própria gravidade de sua natureza. Porém, por mais revoltante que se mostre o
assunto tratado, ele deve ser abordado de modo comedido e, se possível,
imparcial. Não devemos deixar nossas emoções interferirem demasiadamente na
análise equilibrada e objetiva que precisa transparecer em nossas redações,
porque elas impedem que ponderemos outros ângulos da questão. Só assim, com a
predominância da argumentação lógica, ela se mostrará convincente.
Os
noticiários apresentam-nos todos os dias crimes bárbaros cometidos por
verdadeiros animais, que deveriam ser exterminados, um a um, pela sua
perversidade sem fim.
Muitos
menores que perambulam pelas ruas e se tornam delinquentes são vítimas
indefesas de um governo ineficiente, que não se preocupa e não respeita o direito
que eles têm à educação.
78ª. ENCHE LINGUIÇA.
Não espiche o assunto, isto é, não diga
com 8 (oito) palavras o que pode dizer com 5 (cinco). Seja objetivo e direto.
Encher linguiça é, também, repetir ideias, a
saber, tornar a abordar um assunto com palavras diferentes sobre o qual já
tinha escrito anteriormente.
Exemplos de expressões muito usadas por
quem gosta de encher linguiça: Antes
de mais nada, muito pelo
contrário, por outro lado, por sua vez, etc.
ERRADO
|
CERTO
|
Em um dos
domingos que passaram, eu tinha ido a Itabuna…
|
Num
domingo, fui a Itabuna…
|
Durante
esses dias de minhas férias, brinquei de diversas brincadeiras…
|
Em minhas
férias, brinquei muito…
|
79ª. ÊNFASE.
Chame a atenção para o assunto com
palavras fortes, cheias de significado, principalmente no início da narrativa.
Use o mesmo recurso para destacar trechos importantes. Uma boa conclusão é
essencial para mostrar a importância do assunto escolhido. Remeter o leitor à ideia
inicial é uma boa maneira de fechar o texto.
80ª. ENTREVISTA.
É o encontro de duas pessoas em que uma
interroga (entrevistador) a outra (entrevistado) sobre suas ações ou ideias. Um
conjunto, portanto, de declarações de uma determinada pessoa, que autoriza,
implícita ou formalmente, sua publicação.
81ª. ENUMERAÇÃO.
Use a enumeração quando quiser reforçar
determinada sugestão ou quando quiser sugerir variedade, multiplicidade, coisas
intermináveis. Em frases separadas, os membros da enumeração ficam mais
realçados ainda.
Muitas
virtudes deve ter o político: honestidade, iniciativa, inteligência,
ponderação.
A história
ia longe: era um festival de exageros, um esmiuçamento de detalhes fúteis, um
conjunto longo de fofocas, mais as ofensas e a grosseria de falar de quem não
estava presente para defender-se. O homem desatinava. Pensava um verbo,
corrigia-se ou pedia a alguém para lembrar-lhe a palavra injuriosa que queria
dizer. Soltava mais uns três impropérios. Desandava a emendar e emendar. No
final, a plateia estava atônita, angustiada de aflição e agradecendo a
despedida do sujeito.
82ª. ERROS.
Anote os erros mais frequentes para
servir-lhe de apoio para no futuro não cometê-los mais. Já ouviu aquela máxima
que diz: Errar é humano, mas
permanecer no erro é diabólico?
83ª. ERUDIÇÃO. PEDANTISMO.
É escrever usando palavras difíceis e
desconhecidas, para tentar impressionar os outros. Não seja pretensioso nem
erudito.
Lembre-se de que escrever bem é redigir
com simplicidade, clareza, concisão, correção e elegância.
Adianta
alguma coisa escrever um monte de palavras difíceis, complicadas, que ninguém
vai entender? Comunicar-se é fundamental.
TEXTOS ERUDITOS
|
Inobstante
o exposto, deve-se buscar o contraditório.
|
A nível de
personalidade, os brasileiros são muito cordiais.
|
TEXTO EXTREMAMENTE PEDANTE
|
Os homens
se contendem pelas protuberâncias conexas das excentricidades congêneres da
apologética, silontrando a insipidez patológica das homogeneidades mórbidas,
farpantes em que o ostracismo melancólico de um traumatismo espontaneamente
uniforme e retilíneo, engavela os insignes caracóides mentores das
obrividências, nos epídotos escalenos de filisteus e trogloditas, enviperando
genetrises macropétalas de um púlcaro desnalgado e exaurível, bacorejando
páramos tripétalos de lucidez sem nexo.
|
84ª. ESCREVER.
Não existem fórmulas mágicas para se
redigir bem. O exercício contínuo, aliado à constante leitura de bons autores e
à reflexão, é indispensável para a criação de bons textos.
Enganam-se aqueles que pensam que é
fácil escrever. Todos os grandes escritores desmentem o mito da inspiração. Uma
das frases mais famosas sobre o assunto afirma o seguinte: "O ato de
redigir requer 1% de inspiração e 99% de transpiração".
Se você se limitar a repetir o que todo
mundo escreve, com medo de errar, provavelmente cairá no lugar-comum e na mediocridade.
Inove sempre, sem medo. Seja atrevido! A segurança virá aos poucos e com a
satisfação de perceber que fez algo seu, com seu próprio padrão de qualidade.
Quer escrever bem? Leia, então, muito e
sempre. É atividade que requer treino, perseverança e até uma boa dose de
teimosia. Ninguém nasce sabendo redigir bem.
Escreva na ordem direta, dispense os
detalhes irrelevantes e vá diretamente ao que interessa, sem rodeios.
Redigir bem é uma questão de prática,
como qualquer outra atividade. Ninguém vai ensiná-lo a pintar segurando os
pincéis para você.
Se quiser escrever bem, leia muito e
sempre.
Uma redação bem escrita é vaga
garantida para o ingresso à universidade.
Escreva diários, cartas, e-mails, crônicas, poesias, redações,
qualquer texto. Só se aprende a escrever, escrevendo.
Escrever é falar no papel, e sem
rascunho é impossível. Escreva sem medo e sem preguiça, fazendo vários
rascunhos, lendo em voz alta o texto escrito para descobrir as falhas.
Muitas vezes a impropriedade vocabular
se transforma claramente em erro, às vezes grosseiro. O relâmpago atingiu o ônibus. O que
atingiu o ônibus foi o raio. Havia
cem pessoas no féretro. O féretro é o caixão, e não o enterro.
Redigir bem depende de bastante leitura
(jornais, livros, revistas), que lhe fornecem informações novas e atuais, e de
muita prática. Todos os dias, antes de dormir, sente-se num local adequado e
confortável em seu quarto e escreva em uma folha de papel como foi o seu dia.
Eis um bom começo.
Adquira o hábito de escrever,
exercitando-se, principalmente, com os temas que têm caído nos vestibulares
mais recentes. Meça bem as palavras, usando as mais simples, não se esquecendo
de acentuá-las e pontuá-las com precisão. Jamais se desvie do tema. Seja o mais
claro possível. Mostre raciocínio lógico, agudeza mental, inteligência e
conhecimentos. Texto bom e legível é aquele no qual as palavras estão
adequadamente dispostas na frase, com elegância, precisão, clareza e
objetividade.
85ª. ESPAÇOS ENTRE LINHAS.
O cabeçalho da redação deve começar na
primeira linha do papel. O título, uma ou duas linhas após a última linha do
cabeçalho. A redação, uma ou duas linhas depois do título.
86ª. ESPAÇOS ENTRE PALAVRAS.
Use espaços normais entre as palavras,
devendo estas ficar nem muito distanciadas nem muito próximas umas das outras.
87ª. ESQUEMA.
Antes de iniciar a redação (antes mesmo
do rascunho), faça um esquema de um roteiro de ideias.
O esquema é um mapa e um guia, que
evitará desvios ou retrocessos quando da elaboração do texto.
Esquematizar é planejar. É caminhar com
os olhos abertos. É saber o terreno onde pisa. É dar à redação um destino, um
sentido, um fim.
88ª. ESTÁTICA.
Sempre que quiser apresentar uma cena
estática, evite a repetição dos verbos ser e estar e empregue frases nominais.
Papéis por
toda a parte. Memorandos, relatórios, ofícios, anotações.
Roberto, paralisado, no meio da rua. Sentado. Olhar ao longe. Tristeza.
89ª. ESTÉTICA.
Capriche na parte estética de sua
redação, ou seja, faça letras bonitas e bem legíveis, margens regulares, espaço
uniforme no início do parágrafo, tudo isso sem qualquer tipo de rasura.
90ª. ESTICAR.
Expedientes muito usados para “esticar”
uma redação, mas que não enganam ninguém, muito menos uma banca
corretora: Letra muito grande ou
espichada, nova margem, enormes margens de parágrafo, paragrafação excessiva, citações falsas ou impertinentes,
etc.
91ª. ESTILO.
Você já ouviu alguém dizer que cada
pessoa tem uma maneira diferente (estilo) de escrever? Paulo Mendes
Campos, já falecido, que foi um dos maiores cronistas brasileiros, era um
grande estilista.
Veja, a seguir, alguns textos
deliciosos e imperdíveis!
ESTILO NÉLSON RODRIGUES.
Usava
gravata cor de bolinhas azuis e morreu!
ESTILO INTERJETIVO.
Um cadáver!
Encontrado em plena madrugada! Em pleno bairro de Ipanema! Um homem
desconhecido! Coitado! Menos de quarenta anos! Um que morreu quando a cidade
acordava! Que pena!
ESTILO COLORIDO.
Na hora
cor-de-rosa da aurora, à margem da cinzenta Lagoa Rodrigo de Freitas, quem via
de cor preta encontrou o cadáver de um homem branco, cabelos louros, olhos
azuis, trajando calça amarela, casaco pardo, sapato marrom, gravata branca com
bolinhas azuis. Para este o destino foi negro.
ESTILO PRECIOSISTA.
No
crepúsculo matutino de hoje, quando fulgia solitária e longínqua a Estrela-d´Alva,
o atalaia de uma construção civil, que perambulava insone pela orla sinuosa e
murmurante de uma lagoa serena, deparou com a lúrida visão de um ignoto e
gélido ser humano, já eternamente sem o hausto que vivifica.
ESTILO SEM JEITO.
Eu queria
ter o dom da palavra, o gênio de Rui e o estro de um Castro Alves, para
descrever o que se passou na manhã de hoje. Mas não sei escrever, porque nem
todas as pessoas que têm sentimentos são capazes de expressá-los. Mas eu
gostaria de deixar, ainda que sem brilho literário, tudo aquilo que senti. Não
sei se cabe aqui a palavra sensibilidade. Provavelmente não. Talvez seja uma
tragédia. Não sei escrever, mas o leitor poderá perfeitamente imaginar o que
aconteceu. Triste, muito triste. Ah, se eu soubesse escrever.
92ª. ETC.
Evite escrever o termo “etc”, por ser
incompleto, a não ser em casos especiais, para determinadas sugestões.
93ª. EUFEMISMO.
É o mesmo que suavização ou
abrandamento. Trata-se do uso de uma expressão menos áspera, rude e chocante
com relação a uma realidade.
Ele deu seu
último suspiro.
Você faltou
com a verdade a um homem.
José desviou
recursos dos cofres públicos.
94ª. EVITE.
Termos e expressões supérfluas
(desnecessárias), excesso de adjetivos, intercalações desnecessárias,
digressões inúteis (“enche linguiça”), períodos extensos e confusos. Tudo isso
leva à prolixidade, que deve ser evitada.
95ª. EXCLAMAÇÃO.
Não exclame a todo momento. Procure
palavras fortes e convincentes.
96ª. EXEMPLOS.
Evite mau uso de exemplos, ilustrações,
citações.
Aqui, os
aposentados recebem vinte salários mínimos por mês. Dado incorreto, porque, na verdade,
apenas alguns aposentados recebem a referida quantia.
Obedecer uma ordem cronológica é um
maneira de se acertar sempre. Parta do geral para o particular, do objetivo
para o subjetivo, do concreto para o abstrato. Use figuras de linguagem para
que o texto fique interessante. As metáforas também enriquecem a redação.
97ª. EXPERIÊNCIA.
Use sua experiência de vida para
produzir textos. Ouse, incorpore personagens, envolva-se na trama, sinta,
julgue, denuncie, critique, manifeste-se, viva o tema. Evite chavões e clichês.
98ª. EXPRESSÃO.
Nunca escreva uma expressão que
desconheça, pois os erros de ortografia e acentuação tiram pontos preciosos de
uma redação.
Não exagere no uso das
expressões: a nível de, através de, devido a, face a, frente a, tendo em
vista, etc.
99ª. EXPRESSÕES GASTAS.
Você pode ter conhecimento do
vocabulário e das regras gramaticais e, assim, construir um texto sem erros.
Entretanto, se reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões gastas,
vulgarizadas pelo uso contínuo, a boa qualidade do texto fica comprometida.
100ª. EXPRESSÕES POPULARES.
Não use expressões populares e
cristalizadas pela população, mormente na dissertação, que é um trabalho muito
técnico.
101ª. EXPRESSÕES VULGARES.
Jamais use expressões vulgares ou
chulas.
102ª. EXTENSÃO.
Num exame vestibular, ou numa redação
de colégio, o professor corrigirá ou avaliará, em curto espaço de tempo,
centenas de redações. Por este motivo, pede-se que os candidatos ou alunos
escrevam um número limitado de linhas.
Qualquer exagero representa um fator
grandemente desfavorável ao estudante. Mais importante do que escrever muito é
o candidato ou aluno ter tempo para rever a sua redação.
103ª. FÁBULA.
É uma pequena história (uma narrativa
inverossímil), com fundo didático, que tem como objetivo transmitir uma lição
de moral.
A VIÚVA.
Quando a
amiga lhe apresentou o garotinho lindo dizendo que era seu filho mais novo, ela
não resistiu e exclamou:
— Mas, como,
seu marido não morreu há cinco anos?
— Sim, é
verdade — respondeu a outra, cheia de compreensão, sabedoria e calor que fazem
os seres humanos — mas eu não!
MORAL: NÃO
MORRE A PASSARADA QUANDO MORRE UM PÁSSARO.
104ª. FANTASIA.
Para criar o tema de fantasia, dê
preferência ao emprego do verbo no pretérito imperfeito.
Fazia tempo
que não se encontravam, mas a memória continuava clara e, a qualquer momento,
haveriam de estar novamente juntos, rememorando o feliz passado.
Era uma
tarde de tempo feio e frio no norte da Virgínia, há muitos anos. A barba do
velho estava coberta de gelo e ele esperava alguém para ajudá-lo a atravessar o
rio. A espera parecia não ter fim.
105ª. FICÇÃO.
Quando sua redação for uma ficção, ou
quando quiser fazer alusão a determinados tipos, aproveite os nomes próprios
para auxiliar nas sugestões pretendidas.
Sempre se
metia nas questões alheias, tentando encontrar uma solução. Era praticamente um
dom-quixote de saias, tamanha ingenuidade.
Jonathan era
um pequeno mirrado, pardinho, filho da catadora de papel. Mas a mãe lhe
escolhera esse nome elegante, pois adorava assistir na sua TV em preto e
branco, o Casal 20, série de sucesso dos anos 80.
106ª. FIGURAS DE LINGUAGEM.
À procura de melhor expressar seus
sentimentos, emoções e pensamentos, a fim de procurar uma linguagem que seja
mais expressiva, original ou criativa, os trabalhadores da palavra valem-se de
figuras estilísticas.
107ª. FINALIZAR.
Evite finalizar sua redação (é o
principal defeito), principalmente com as expressões: em resumo, enfim, finalmente, por
fim. Termine-a naturalmente, sem se utilizar de chavões.
108ª. FORMA.
Sempre que possível, ao usar a mesma
relação ou ideia num texto, varie a forma de expressá-la.
Como aperfeiçoar a forma? Pelo
exercício constante e cuidadoso! Exercitar-se quer dizer escrever e ler bons
autores.
Cada estudante tem sua maneira de
escrever. Não possui um sentido definido. Porém, é inegável que já tem um jeito
próprio.
Por forma, entende-se o desembaraço de
expressão, a procura de imagens e comparações, a busca da palavra apropriada, a
utilização, enfim, dos recursos mais eficientes e belos na transmissão das ideias.
Forma é harmonia e sonoridade da frase.
Há palavras
que ninguém emprega. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se
desdentadamente, em público, nalguma oração de paraninfo. Pobres velhinhas...
Pobre velhinho!
A guerra
sempre traz destruição e morte. No entanto, depois dessa cruel forma de
demonstrar a superioridade do vencedor, os vencidos levantam a cabeça,
enchem-se de um patriotismo vibrante e se empenham em levantar seu país.
109ª. FRASES ADEQUADAS.
ERRADO
|
CERTO
|
…grande
número de mortos…
|
…muitos
mortos…
|
Todo mundo
gostou.
|
Todos
gostaram.
|
…causou desastre na agricultura.
|
…causou prejuízos à agricultura.
|
110ª. FRASES COMPLETAS.
Escreva as frases com sentido completo.
FRASES COM SENTIDOS INCOMPLETOS
|
CORRIJA-AS PARA
|
Chegando
lá, fomos para o apartamento. (Apartamento de quem?).
|
Chegando
lá, fomos para o apartamento de uma amiga.
|
Fui à
capital. (Que capital?).
|
Fui a
Salvador, ao Rio de Janeiro, etc.
|
111ª. FRASES CURTAS.
Use frases curtas e inteligentes. Com
elas, tropeçará menos nas vírgulas, nos pontos ou nas reticências. “Uma frase longa”, ensinou Vinícius de
Moraes, “não é nada mais que duas
curtas.”
Só em discursos é que se usam períodos
longos.
112ª. FRASES FRAGMENTADAS.
Evite as frases fragmentadas, que
separam indevidamente o sujeito do predicado.
TEXTOS COM FRASES FRAGMENTADAS
|
CORRIJA-OS PARA
|
Comi o
doce e gostei.
|
Comi o
doce e gostei dele.
|
Disse que
faria e fez.
|
Disse que
faria o serviço e realizou-o a contento.
|
Tentei
convencê-lo. Ele estava com a razão.
|
Tentei
convencê-lo de que estava certo.
|
Entrou em
pânico. O elevador trancara. Havia faltado luz.
|
Entrou em
pânico porque o elevador trancara com a falta de luz.
|
O Amazonas
possui recursos inesgotáveis. O maior estado do Brasil.
|
O
Amazonas, que é o maior Estado do Brasil, possui recursos inesgotáveis.
|
113ª. FRASES INTRINCADAS E DESCONEXAS.
O estudante deve ser orientado a
escrever com clareza. Não há lugar numa redação para períodos confusos, de
difícil entendimento. Nem para a repetição de palavras, frases, ideias e
períodos demasiadamente longos. São eles os maiores inimigos da clareza.
114ª. FRASES REPETIDAS.
Evite usar frases desnecessárias ou
repeti-las.
FRASES REPETIDAS
|
CORRIJA-AS PARA
|
Um mundo
de sonhos era o mundo em que ela vivia.
|
Ela vivia
num mundo de sonhos.
|
Depois de
todos esses dias que passei lá, que foram uns dias maravilhosos…
|
Depois de
todos esses dias que passei lá, que me foram maravilhosos…
|
Os
policiais, que são agentes da polícia, entraram no banco armados com armas
pesadas.
|
Os
policiais entraram no banco com armas pesadas.
|
115ª. FRASES. ESTRUTURA.
Erros de concordância nos tempos
verbais, fragmentação da frase, separando sujeito de predicado, utilização
incorreta de verbos no gerúndio e particípio são algumas das falhas mais comuns
nas redações. Esses erros comprometem a estrutura das frases e prejudicam a
compreensão do texto.
116ª. GENERALIZAR.
Evite empregar os seguintes vocábulos
genéricos: coisa, dar, fazer, ninguém, nunca, sempre, ser, ter, todo mundo,
etc.
Em se tratando de dissertação, é sempre
pecado mortal generalizar conceitos, pois acabam soando como preconceitos. Ideias
muito ampliadas nada significam.
Não generalize. Seja específico,
utilize argumentos concretos, fatos importantes. Uma redação cheia de
generalizações demonstra falta de cultura e de conhecimentos gerais de seu
autor. Uma maneira prática para solucionar o problema é a leitura de qualquer
gênero, como jornais, revistas e livros. Assista a programas de reportagens, a
filmes, a documentários. Interesse-se pela cultura. Alimente sua inteligência.
GENERALIZAÇÕES QUE PECAM PELA
IMPRECISÃO:
As crianças
são inocentes.
Os homens
batem nas mulheres com frequência.
Os homossexuais
são desavergonhados.
Todo
político é ladrão.
Os velhos são sábios.
117ª. GERÚNDIO.
Evite a predominância do uso do
gerúndio, pois este empobrece o texto. Prefira orações desenvolvidas ou o verbo
na forma finitiva mais conjunção.
Use o verbo no gerúndio somente quando
quiser caracterizar os seres enfatizando suas ações.
118ª. GÍRIA.
As gírias são um meio de
expressão perfeitamente aceitável em certos momentos de textos narrativos, em
especial nos diálogos travados por alguns personagens. Tornam-se, entretanto,
completamente inadequadas quando usadas em uma dissertação.
Jamais use gírias ou qualquer outra
variação linguística que limite o entendimento do texto.
Somente use gírias se o assunto e suas
personagens exigirem na situação apresentada. Com isso, poderá aumentar o
realismo da narração.
FRASES COM GÍRIAS
|
PREFIRA
|
O marmanjo
bolou um jeito maneiro de se pirulitar.
|
O homem
criou uma forma inteligente de fugir da situação.
|
O cara
deve procurar sacar se a lei está com ele ou não.
|
O cidadão
deve procurar certificar-se de que está agindo dentro da lei
.
|
Fiquei
gamado naquele broto porque ela é bacana pra chuchu.
|
Fiquei
apaixonado por aquela garota, porque ela é muito simpática e atraente.
|
O deputado
pisou na bola e deu a maior bandeira no seu depoimento.
|
O deputado
cometeu um erro e acabou se comprometendo no seu depoimento.
|
119ª. GRAFIA.
Prefira as palavras de grafias fáceis
(mais fáceis de serem escritas). Lembre-se de que a língua portuguesa é muito
rica em sinônimos.
Tome cuidado com a grafia de palavras
que não conheça. Quando tiver dúvidas, consulte o dicionário. Se não for
possível, substitua a palavra por outra cuja grafia você conheça bem. Portanto,
descarte palavras de grafia duvidosa.
EM VEZ DE
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PREFIRA
|
Escassa
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Rara
|
Neném
|
Criança
|
Sucinto
|
Breve
|
Exíguo
|
Pequeno
|
Expor
|
Mostrar
|
Parcimoniosa
|
Econômica
|
Submissa
|
Obediente
|
Nódoa
|
Mancha
|
120ª. GRAMÁTICA.
Nunca, mas nunca mesmo, entregue o seu
trabalho sem uma boa revisão gramatical e ortográfica.
Evite erros gramaticais primários e
básicos. Use só termos que você conhece. Respeite a gramática e as regras de
grafia.
Capriche na parte gramatical de sua
redação, ou seja, não se esqueça de fazer, com toda a clareza possível, as
devidas pontuações e acentuar as palavras que tiverem acento. Não adianta fazer
uma redação espetacular quanto ao conteúdo e estilo mas cometer dezenas de
erros de português.
O primeiro passo para aceitar a
gramática positivamente é imaginá-la como algo dinâmico que movimenta a nossa
linguagem e cria nossa identidade cultural. Tenha sempre ao alcance um livro de
gramática, acompanhado de um dicionário.
Uma pessoa que redige bem tem mais
clareza de suas ideias e mais segurança em suas afirmações. As falhas
gramaticais podem ser um entrave para isso.
121ª. GROSSERIA.
“Ele
deu um pum fedido pacas. Foi aquele auê!”
Gostou dessa frase ridícula? O
examinador iria aprová-la? Com certeza que não! Cuidado para não entrar na
linguagem do “liberou geral”, do vale-tudo! É um território muito perigoso.
Deixe a “franqueza” vocabular de lado e evite grosserias na sua redação. Não é
só você que tem mãe, irmã, etc. Os examinadores também têm e nem todos são
apaixonados pelo “exótico”.
122ª. HARMONIA.
O aluno deve usar a musicalidade, o
ritmo resultante da adequada escolha das palavras, da combinação dos sons na
oração e do equilíbrio das orações no período. A linguagem não pode ser áspera,
dura. A redação deve ser agradável ao ouvido.
123ª. HIATO.
É a sequencia desagradável de vogais ou
sílabas idênticas. Evite-o.
FRASES COM HIATO
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MELHOR
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Andréia irá ainda hoje ao oculista.
|
Andréia terá consulta com seu
oculista, hoje.
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Traga a água à aula.
|
Queira trazer o recipiente com água
para a sala.
|
124ª. HIPÉRBATO.
É inversão da ordem natural dos termos
ou orações da frase com o fim de lhes dar maior destaque.
FRASES COM HIPÉRBATOS
|
|
ORDEM INVERSA
|
ORDEM NATURAL
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Na roda do
mundo, mãos dadas aos homens, lá vai o menino…
|
O menino
vai lá na roda do mundo, mãos dadas aos homens...
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Ouviram do
Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante...
|
As margens
plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico...
|
125ª. HIPÉRBOLE.
É a figura que através do exagero
procura tornar mais expressiva e emocionante uma ideia.
Ele chorou
rios de lágrimas.
Falei
trezentas vezes para você!
Possuo um mar
de sonhos e aspirações.
126ª. I (minúsculo).
Coloque o pingo no “i” com capricho e
clareza, redondo, bem visível (mas não uma bolinha) e de forma centralizada (no
lugar certo), nem à esquerda, nem à direita.
127ª. IDEIA.
Não
exponha ideias vulgares (impropérios, palavrões).
Separe as diferentes ideias em
parágrafos distintos, guardando-lhes a devida conexão.
Elimine ideias ridículas, infantis,
contraditórias, desnecessárias, que não se ajustem ao tema proposto.
Não inicie uma redação com uma ideia
genial mas que não se relaciona com a segunda parte da composição.
Evite ideias artificiais, o
nacionalismo piegas e o exagero nas expressões de modéstia, como:
Futuramente,
quando o Brasil atingir o ápice do desenvolvimento, todas as nações se curvarão
ante a capacidade empreendedora do homem brasileiro. Não entendo muito do assunto, mas tentarei, apesar dos meus parcos
conhecimentos, dissertar sobre o tema escolhido.
128ª. IMPRECISÃO.
Evite escrever e/ou, por ser incompleto
e impreciso e, também, porque denota pobreza vocabular.
EM VEZ DE
|
ESCREVA
|
O jovem
e/ou seu pai poderiam ir ao banco ver o saldo da conta.
|
O pai
poderia ir ao banco ver o saldo da conta, sozinho ou acompanhado do filho.
|
Poderíamos
ir ao clube e/ou ao teatro, porque o tempo seria suficiente.
|
Poderíamos
ir a um dos dois locais, ou a ambos – ao teatro e ao clube –, pois o tempo
seria suficiente.
|
129ª. IMPROPRIEDADES SEMÂNTICAS E OUTROS VÍCIOS.
Evite o tal de “através de”, que é uma
expressão largamente utilizada, mas de maneira errada! Não é, em
absoluto, sinônimo de “por intermédio de”.
Consegui
aprender redação através do meu professor.
Caso escreva isso, o sentido literal é
que conseguiu aprender redação atravessando seu professor de um lado para
outro, o que seria uma pena! Substitua, nesse caso, a expressão por “com o
auxílio de”.
130ª. INADEQUADO.
Hoje, ao
receber alguns presentes no qual completo vinte anos, tenho muitas novidades para contar.
Eis um exemplo de uso inadequado do
pronome relativo. Provoca falta de coesão, pois não consegue mostrar a que
antecedente ele se refere e, portanto, nada conecta e produz uma
relação absurda.
131ª. INCOERÊNCIA.
Não faça afirmações incoerentes, que
demonstram faltam de conhecimento e, às vezes, até ignorância, como:
“Ninguém
gosta de ler...”
Exemplo de incoerência numa
dissertação:
O verdadeiro
amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. Para
distraí-lo, conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e
capacidade de sair-se bem das situações. Isso, com certeza, vai melhorar o
estado de espírito do infeliz.
Exemplo de incoerência numa narração:
O quarto
espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar
livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a
parte, havia sinais disso: raquetes de tênis, prancha de “surf”, equipamento de
alpinismo, “skate”, um tabuleiro de xadrez com as peças arrumadas sobre uma
mesinha, as obras completas de Shakespeare.
132ª. INFORMATIVO.
Num texto informativo, não tema usar
todos os recursos que possam torná-lo claro, como numerações, orações
explicativas numerosas e parênteses.
Os
pesquisadores realizaram um censo em 2001 e registraram que, das 690 espécies
que visitam a reserva, 200 frequentam o jardim das borboletas.
Em uma
matéria, o leitor recebe vinte informações diferentes. Dezenove, que ele
ignorava, estão certas. Uma, que ele já conhecia, está errada. A tendência
desse leitor é duvidar da exatidão de todas as vinte.
133ª. INÍCIO.
Evite iniciar sua redação com
digressões. O início deve ser curto, sem evasivas.
134ª. INSPIRAÇÃO.
No momento da criação – inspiração –
não iniba o que vem à mente, seja o que for. Portanto, rascunhe o que for
aparecendo. Pode ser que surja algo muito bom em meio às ideias aparentemente
desordenadas.
135ª. INTERJEIÇÃO, EXCLAMAÇÃO.
Não abuse do uso das interjeições e
exclamações. Tire proveito delas, no entanto, para destacar as emoções e as
explosões de sentimentos das personagens.
Arre!
Precisava gritar desse jeito e assustar todo mundo?
— Dobre a
língua! — gritou vermelha de cólera. — Você é tão arrogante que ninguém mais aguenta
a sua presença.
136ª. INTERNET.
Na rede mundial de computadores há
dezenas de cursos “on-line” de redação, muitos dos quais de altíssima
qualidade, sendo alguns gratuitos.
137ª. INTRODUÇÃO.
É o início da redação e deve conter um
resumo, em poucas pinceladas, daquilo que abordaremos no restante do texto.
A introdução precisa ser rápida.
Evidentemente, nunca terá tamanho igual ao do desenvolvimento. Numa redação de
20 linhas, por exemplo, não deve exceder 4 ou 5 linhas.
A Introdução apresenta a ideia que será
discutida no desenvolvimento. É nessa parte que se dá ao leitor uma informação
sobre o assunto que será tratado. Deve ser pequena, porque, se a alongarmos
demais, correremos o risco de esgotarmos o assunto no primeiro parágrafo.
PROCURE EVITAR, NA INTRODUÇÃO, FRASES
COMO:
|
Meu caro
leitor,...
|
Bem,
atualmente, no mundo em que vivemos...
|
Não tenho
palavras para exprimir o que sinto, mas...
|
Vou tentar
falar sobre o tema, embora não seja fácil abordar este assunto.
|
Sei que
não sou a pessoa mais indicada para falar sobre esse assunto. Entretanto...
|
Embora
sabendo que a minha opinião é uma gota d’água no oceano, tentarei externá-la.
|
Evite iniciar sua redação com
digressões (o início deve ser curto). Digressão é não ter ordenação de ideias,
é ficar indo e voltando, o que confunde o leitor.
EXEMPLOS DE DIGRESSÕES
|
|
Devemos,
aqui, propor um parêntese breve...
|
Evite isso, porque demonstra que a
ordem das ideias ainda está confusa.
|
Por falar
nisso, lembro-me de uma situação vivida algum tempo atrás...
|
Poderia ter sido falado antes, se
tivesse havido planejamento da redação.
|
Antes de
falar nisso, voltemos no tempo,...
|
Gera o processo de sair
momentaneamente do tema e pode provocar problemas de entendimento.
|
138ª. IRONIA.
Quando quiser criticar determinado
acontecimento ou pessoa, de forma humorística, depreciativa ou sarcástica, e
sem apresentar posição às claras para o leitor, use o expediente da ironia.
Menina, você
é um primor; não arruma nem sua própria cama!
...o velho
começou a ficar com aquela cor de uma bonita tonalidade cadavérica.
Moça linda,
bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor.
139ª. LEGÍVEL.
Considere a legibilidade do seu texto.
Como é sua letra? Como está seu texto no papel? É fácil de ler?
140ª. LEITURA.
Quem lê adquire desenvoltura para criar
seu próprio texto.
A leitura completa o homem,
enriquece-o; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.
Quando lemos, nosso cérebro forma uma
imagem de cada palavra. É dessa maneira que sabemos como os vocábulos são
escritos.
LER é ampliar horizontes; armazenar
informações; compreender o mundo; comunicar-se melhor; desenvolver-se; escrever
com desenvoltura; relacionar-se melhor com todas as pessoas.
Leia muito, tudo o que encontrar pela
frente, inclusive revistas informativas e técnicas (Veja, Isto É, Carta Capital, Superinteressante), jornais (Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil) e, principalmente, boas obras literárias, como
romances, dentro de seu nível de estudo e de sua faixa etária. O ato de
escrever está muito ligado ao ato de ler.
UM BRADO DE ALERTA: Quem pouco lê vai
se dar muito mal em redação quando for prestar vestibular!
A leitura permanente e intensa faz
milagre, já que, por meio dela, se aprende muita coisa sem se perceber,
especialmente na parte gramatical relativa à acentuação, ortografia e
pontuação. Se a pessoa nada lê, será inútil decorar uma infinidade de regras
gramaticais.
Uma sugestão bem intencionada para os
que querem crescer: estude para assimilar, fixar, enfim, aprender. Só assim
será capaz de manipular seu conhecimento com criatividade.
Não cultivar a leitura é um desastre
para quem deseja expressar-se bem. Ela é condição essencial para melhorar a
linguagem oral e escrita. Quem lê interioriza as regras gramaticais básicas e
aprende a organizar o pensamento.
Uma boa sugestão de leitura? A
coletânea, atualmente com trinta e um livros, PARA GOSTAR DE LER. A maioria absoluta dos textos é formada por
centenas de crônicas dos melhores cronistas brasileiros. Serve para toda a
família, inclusive para os filhos em idade escolar a partir dos dez anos. São
textos curtos, simples e deliciosos.
A coleção poderá ser adquirida por
intermédio da homepage da
Editora Ática na Internet (http://www.atica.com.br),
onde há, inclusive, informações detalhadas sobre como encomendá-la.
141ª. LETRA.
Uma letra muito ilegível pode até
contribuir para a anulação da redação num vestibular.
A letra tem que ser visível e
compreensível para quem lê e pode até mostrar sua personalidade.
Faça a letra com firmeza, segurança,
bem clara e nítida, com tamanho médio, não confundindo o traçado das maiúsculas
com o das minúsculas.
Como é a sua letra? Uma letra bonita
traz inúmeras vantagens. O profissional que apresenta uma escrita legível e
estética agradável sempre tem vantagens sobre o seu concorrente na hora de
procurar emprego.
Para fazer uma boa redação no
vestibular ou nas escolas, não é preciso cursar uma escola de caligrafia. No
entanto, a letra, mesmo sendo feia, deve ser legível. Os professores se rebelam
contra os alunos cujas letras são verdadeiros caracteres hieroglíficos e podem
até dar-lhes notas ruins.
142ª. LETRAS DE FORMA OU DE IMPRENSA.
Não faça letra de forma, porque algumas
letras de forma minúsculas parecem maiúsculas (como o “j”, por exemplo), o que
poderá prejudicá-lo na correção de sua redação, tirando-lhe pontos preciosos.
Quem usar letra de forma, em vestibular
ou concurso, poderá ter sua prova anulada ou tirar nota 0 (zero).
A letra de forma dificulta a distinção entre
maiúsculas e minúsculas. Uma boa grafia - legível e sem floreios - e limpeza
são fundamentais. Não se esqueça dos pingos (e não bolinhas) nos "i".
143ª. LETRAS FLOREADAS.
Evite fazer letras floreadas,
enfeitadas, com perninhas e rabinhos porque, às vezes,
confundem-se umas com as outras e ficam até deformadas (o “r” minúsculo,
estando floreado, parece “s”), o que dificulta sobremaneira o perfeito
entendimento do que está escrito. O “o”, por exemplo, é redondo e não tem perninha.
Portanto, NÃO FAÇA:
palavras
descendo morro; última letra do vocábulo com prolongamento
exagerado para baixo; linha
ou traços que cortem a palavra; a letra “c” com traços enrolados sobre ela; palavra com letras separadas; “n” parecido com “r”; “m” com cara de “n”; “t” se confundindo com “f”; “rr” parecido com “m” ou vice-versa.
144ª. LIMPEZA.
Faça a redação limpa, sem borrões ou
garranchos, e bem legível.
A limpeza contribui muito para deixar a
redação bem apresentável.
O que dizer das redações cheias de
borrões e sujeiras? Uma prova limpa, sem rasuras e legível, causará boa
impressão ao professor.
Não risque as palavras nem faça
qualquer tipo de rasura na redação, pois esse tipo de detalhe deixará uma
impressão muito ruim de você.
Procure manter uma letra razoável, e
nada de emporcalhar a folha. É o mínimo que se deve fazer para que o conteúdo e
a qualidade do texto não desapareçam no meio de rabiscos.
145ª. LINGUAGEM COLOQUIAL.
Evite o uso da linguagem popular
(coloquial) ou extravagante, bem como as que atribuem referências grandiosas
sem que possam ser aceitas ou cientificamente comprovadas.
146ª. LINHAS.
Não exceda o número de linhas pedidas
como limites máximos e mínimos. A tolerância máxima é de aproximadamente cinco
linhas aquém ou além dos limites.
147ª. LONGO.
Evite escrever palavras ou frases
longas.
Construa frases que tenham, no máximo,
três orações.
Períodos excessivamente longos
tornam o estilo monótono e cansativo.
148ª. MARGENS.
Atente para o alinhamento das
margens e dos parágrafos. Faça margens regulares.
Lembre-se de que a margem lateral
esquerda (do início da linha) deve ser um pouco maior (4 cm) que a margem
lateral direita (do final da linha, 2,5 cm).
149ª. MEDO DO ERRO.
Muita gente não gosta de ser corrigida,
fica constrangida. Em geral, esse sentimento acaba provocando uma aversão por
escrever. Mas redigir não pode ser causa de sofrimento, principalmente em
função da correção gramatical. Errar faz parte de qualquer atividade criativa,
mas é preciso trabalhar – prestar atenção no que se lê e no que se escreve,
procurar tirar as dúvidas, quando elas aparecem, ou estudar gramática para
valer.
150ª.
METÁFORA.
É o emprego de uma palavra fora de seu
sentido normal, por efeito de analogia (comparação subentendida).
A Amazônia é
o pulmão do mundo.
Esse homem é
perigoso como uma fera!
As chamas eram centenas
de línguas gigantescas.
151ª. MISTÉRIO.
Use a interrogação e a negativa quando
quiser criar mistério e curiosidade em torno dos fatos.
Quem seria aquele homem
que nos visitava todas as semanas e que ficava por horas conversando com meu
pai? O que os dois tanto discutiam? Por que nunca podíamos estar presentes
quando ele conversava com meu pai?
Se quiser criar expectativa e
dúvidas, envolva sua personagem em mistério, falando dela sem a identificar no
início da narrativa.
O homem do capote bateu
na porta, foi atendido por meu pai, e passou umas duas horas no escritório
trancado com ele. Voltou à minha casa durante anos e sempre que chegava meu pai
mandava que eu fosse para o quarto. Mamãe ficava na cozinha.
152ª. MONÓLOGO.
É um tipo de texto em que alguém
expressa sua maneira de ser, seu interior, suas emoções, seu pensamento. É uma
conversa consigo mesmo.
Se não tem ninguém para conversar e
fala sozinho (“com seus próprios botões”) ou com alguém (ou algo) que não pode
responder, está, então, monologando.
Deveria falar-lhe,
dizer-lhe o que sentia por ela? Talvez não pudesse conter as emoções toda vez
que a visse. E então diria a ela tudo o que sempre quisera. Que a amara desde a
primeira vez que a vira, que aguardava ansiosamente o momento em que a veria de
novo. Que não hesitaria em fugir com ela, se essa fosse a condição para
ficarmos juntos. Largaria tudo: casa, emprego, posição social, amigos...
153ª. NÃO USE.
Palavras ou frases ridículas,
contraditórias, desnecessárias, que não se ajustem ao tema proposto.
Expressões vulgares, pobres, como:
Em primeiro
lugar, em segundo lugar, essas mal traçadas linhas, etc.
154ª. NARRAÇÃO.
É o relato de um fato, de um
acontecimento. Há personagens atuando e um narrador que relata a ação.
Tente fazer com que os diálogos
escritos, em caso de narração, pareçam uma conversa.
A narração está vinculada à nossa vida,
pois sempre temos algo a contar. Narrar é relatar fatos e
acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por indivíduos, envolvendo ação e
movimento.
155ª. NATURALIDADE.
Seja natural. Evite o uso de palavras
de efeito apenas para impressionar a banca corretora.
Imagine o leitor à sua frente ou ao
telefone conversando com você. Fique à vontade. Espaceje suas frases com
pausas. Sempre que couber, introduza uma pergunta direta. Confira a seu texto
um toque humano. Está redigindo para pessoas. Gente de carne e osso.
156ª. NEOLOGISMOS.
O candidato a uma vaga nas
universidades precisa usar a língua portuguesa de maneira adequada e se
utilizar de termos semanticamente precisos e corretos. Jamais escreva uma
palavra cujo sentido real não conhece.
Norma culta não quer dizer termos
sofisticados, mas palavras simples e precisas no contexto da redação.
Preciosismos (palavras complicadas)? Nem pensar!
Portanto, nunca use os neologismos
incultos do tipo “imexível”, “windsurfar”, “inconstitucionalizável”, etc.
157ª. NOTÍCIA.
É a expressão de um fato novo, que desperta
o interesse do público a que o jornal se destina. Caracteriza-se por ter uma
linguagem clara, impessoal, concisa e adequada ao veículo que a transmite.
158ª. NÚMERO.
Escreva o número por extenso, como:
dois, três, oito, quinze, vinte... antes de substantivo funcionando como
adjunto adnominal.
159ª. O.
Tanto maiúsculo, quanto minúsculo, têm
que ser redondos, fechados, sem “perninha” embaixo.
160ª. OBJETIVIDADE.
Seja objetivo e imparcial. Não use de
forma exagerada e nem abuse de verbos no imperativo.
Como 20 (vinte) a 30 (trinta) linhas
proporcionam um espaço muito pequeno para você discorrer sobre qualquer
assunto, procure ser objetivo, abordando, somente, os fatos principais,
evitando entrar em detalhes que não interessam muito. Você tem que expressar o
máximo de conteúdo com o menor número de palavras possíveis. Portanto, não
repita ideias nem use palavras demais que só aumentem as linhas
desnecessariamente. Concentre-se no que é realmente indispensável para o texto.
A pesquisa prévia ajuda a selecionar melhor o que se deve usar.
161ª. OBSCURIDADE.
Significa falta de clareza, em razão de
frases excessivamente longas (prolixas) ou exageradamente curtas (lacônicas),
linguagem rebuscada, má pontuação ou pontuação defeituosa, impropriedade dos
termos.
Tenho uma
prima que trabalha num circo como mágica e uma das mágicas mais engraçadas era
uma caneta com tinta invisível que em vez de tinta havia saído suco de lima.
Observe aí a incapacidade de se
organizar sintaticamente o período. Selecionar as frases e organizar as ideias
é imprescindível. Escrever com clareza é de fundamental importância.
EXEMPLO DE TEXTO OBSCURO:
|
A exegese
de textos religiosos não pode prescindir do conhecimento filológico que o
diletante não deve hesitar em considerar como propedêutica para qualquer
trabalho heurístico com textos arcaicos.
|
O MESMO TEXTO, MAS COM ESTRUTURA MAIS
CLARA E DIRETA:
|
Para
interpretar textos religiosos é preciso ter conhecimento da história da
evolução das línguas. Aquele que se inicia nesse estudo deve preparar-se,
então, começando pela análise de textos antigos.
|
162ª. ÓBVIO.
Pleonasmo vicioso. É aquilo que “tá na
cara”! Evite escrever, por exemplo: O
homem é um ser que vive. Todo
homem é mortal.
NUNCA ESCREVA
|
DEIXE O ÓBVIO DE LADO
|
Viu o que
tinha que ver e saiu.
|
Viu tudo a
que se propôs anteriormente, em seguida saiu.
|
Machado de
Assis é um grande escritor, pois escreve muito bem.
|
Machado de
Assis é um grande escritor.
|
O avião é
o meio de transporte mais seguro, pois com ele ocorrem menos acidentes.
|
O avião é
o meio de transporte mais seguro.
|
163ª. ONDE.
Não empregue ONDE como sinônimo
de EM QUE, NO QUAL, ou até mesmo DE QUE. O ONDE
só pode ser empregado nessa função quando substitui uma palavra que indica
lugar.
164ª. OPINIÃO PESSOAL.
Não coloque sua opinião pessoal no
texto. Analise um assunto proposto emitindo opiniões gerais. Pode até se
posicionar sobre determinados temas, mas disserte de uma maneira mais
imparcial, ou seja, sem exageros ou manifestações emocionais.
Eu acho que
pessoas que assassinam inocentes criancinhas deveriam ser postas em cadeiras
elétricas.
A Justiça no
Brasil vai de mal a pior. Além dos contraventores usuais, agora também homens
da lei imergem no crime, e a escala desses marginais oficiais já atingiu a
Magistratura. O país precisa de novas e urgentes leis.
165ª. ORDENAÇÃO.
A falta de ordenação das ideias é um
erro comum e indica, segundo os organizadores de vestibulares, que o
candidato não tem o hábito de escrever. O texto fica sem encadeamento e, às
vezes, incompreensível, partindo de uma ideia para outra sem critério, sem
ligação.
166ª. ORGANIZAÇÃO.
É avaliada a capacidade do aluno de
organizar os argumentos que fundamentarão a conclusão do texto.
Seu texto está bem organizado?
Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão?
Tem frases curtas e claras, ausência de termos
repetidos, sequencia dos fatos e criatividade?
167ª. ORIGINALIDADE.
Seja o mais original possível, porque a
transcrição de frases implica perda de pontos preciosos quando da correção da
redação.
Ser original não é criar algo novo para
a literatura, é sermos nós mesmos. Escreva à sua maneira, imprima sua marca
pessoal ao SEU estilo, evitando os lugares-comuns e os chavões.
Como ser original ao se fazer uma
redação? É simples, ouse. Se você se limita a repetir o que tudo mundo diz,
como um papagaio, com medo de errar, provavelmente cairá no lugar-comum e na
mediocridade. Tenha a preocupação de inovar, com coragem. Seja atrevido. A
segurança virá aos poucos e com a satisfação de perceber que fez algo seu, com
seu próprio padrão de qualidade.
O uso excessivo de certas figuras de
linguagem ou de alguns provérbios acarreta o empobrecimento da redação. Como
tudo que existe, as palavras também se desgastam. É preciso criar novas figuras
para expor suas ideias. Escrever que a namorada é uma flor, ou que filho de peixe, peixinho é, não realça a redação de ninguém. Use
a imaginação para não precisar desses chavões antigos e pobres.
168ª. PALAVRAS.
Use as palavras certas nos lugares
certos.
Não exagere no uso de palavras do
tipo: problema, coisa, negócio, principalmente,
etc.
Entre duas palavras, escolha, sempre, a
mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta.
Quando for revisar sua redação, corte
vocábulos desnecessários, use sinônimos ou, se for o caso, mude a frase.
NO LUGAR DE
|
ESCREVA
|
Empreender
|
Fazer
|
Regressar ou retornar
|
Voltar
|
Pleito
|
Eleição
|
Usuário
|
Passageiro
|
Óbito
|
Morte
|
Matrimônio
|
Casamento
|
169ª. PALAVRAS ADEQUADAS.
Use palavras que estejam em perfeita
concordância com o que está escrevendo.
ERRADO
|
CERTO
|
O gosto do dinheiro.
|
O gosto
pelo dinheiro.
|
…grande sono, por causa das noites
sem dormir.
|
…muito sono, por causa das noites sem dormir.
|
Tomei banho de piscina.
|
Tomei
banho na piscina. (Pode-se tomar banho de água, não de piscina).
|
A canoa quase virou e, por isso, tomei um grande choque.
|
A canoa quase virou e, por isso, tomei um grande susto. Tomar choque é
receber uma descarga elétrica. O mais correto, no caso, é tomar um susto.
|
170ª. PALAVRAS CURTAS.
Prefira palavras curtas e simples. Os
vocábulos longos e pomposos criam uma barreira entre leitor e autor. Fuja
deles. Seja simples. Entre duas palavras, prefira a mais curta. Entre duas
curtas, a mais expressiva. Casa, residência ou domicílio? Casa, é claro!
171ª. PALAVRAS ESTRANGEIRAS.
Evite usar palavras estrangeiras.
Quando empregá-las, coloque-as entre aspas.
172ª. PALAVRAS OU EXPRESSÕES GASTAS.
Evite escrever palavras ou expressões
que, depois de entrarem na moda, tornam-se gastas, como:
desmistificar, contexto, sofisticado, inacreditável, principalmente, devido a, através de, em nível de, tendo em vista, etc.
...é aos
dezoito anos que se começa a procurar o caminho do amanhã e encontrar as
perspectivas que nos acompanharão para sempre na estrada da vida.
Não se utilize de expressões parecidas
com as grifadas no texto, porque são consideradas gastas e vulgarizadas pelo
uso contínuo e irão comprometer a boa qualidade do texto.
173ª. PALAVRAS REPETIDAS.
Evite as repetições de palavras.
Troque-as por sinônimos. Se já usou linda, por exemplo, use bela (ou bonita), a
depender da ênfase que queira dar à frase. Após ter usado professor, use
educador ou docente. Para não repetir o adjetivo doente, use enfermo.
Portanto, nunca repita várias vezes a
mesma palavra. Um dos erros que mais prejudica a expressão adequada de suas ideias
é a insistente repetição de um mesmo vocábulo. Isso causa uma impressão
desagradável a quem lê ou corrige sua redação, além de sugerir pobreza de
vocabulário.
FRASE COM PALAVAS
REPETIDAS
|
MELHOR
|
Ela estava que era
uma vaidade só, exibia seus vaidosos colares, sua vaidosa fala, seu vaidoso
jeito de andar.
|
Ela estava muito
vaidosa aquele dia, exibia colares caros, fala pedante, andava com pompa.
|
174ª. PARÁGRAFOS.
Use parágrafos diferentes para ideias
(assuntos) diferentes. Uma redação sobre o carnaval atual, por exemplo, você
poderá subdividi-la em três parágrafos, a saber:
PRIMEIRO PARÁGRAFO
|
Carnaval de clube,
mencionando a grande beleza na sua decoração, a presença de dois conjuntos
tocando, quando for o caso, para que o folião pule o tempo todo, sem parar,
com mais conforto, pelo fato de o ambiente ser fechado, etc.
|
SEGUNDO PARÁGRAFO
|
Carnaval de rua,
dando especial destaque ao desfile dos blocos, das escolas de samba e aos
trios elétricos.
|
TERCEIRO PARÁGRAFO
|
Conclusão, citando
a ressaca (o cansaço), o dinheiro gasto, as noites sem dormir, etc.
|
O texto deve ter parágrafos bem
distribuídos, articulados e interligados um ao outro coerentemente.
Não construa parágrafos longos,
constituídos de um só período composto, recheado de orações e de relações
sintáticas.
Não faça parágrafos muito curtos nem
muito longos. O ideal seria que contivessem, no mínimo, 4 linhas e, no máximo,
7 linhas.
Não deixe parágrafos soltos. Faça uma
ligação entre eles, pois a ausência de elementos coesivos entre orações,
períodos e parágrafos é erro grave.
Obedeça ao parágrafo ao iniciar a
redação, isto é, não comece a escrever logo no início da linha. O parágrafo é
marcado por um ligeiro afastamento com relação à margem esquerda da folha (três
centímetros aproximadamente). E sempre que houver outros parágrafos no decorrer
da redação, siga o alinhamento do parágrafo inicial.
175ª. PARÊNTESES, TRAVESSÃO DUPLO.
Sempre que quiser fazer dentro da
narração ou da descrição, um comentário à parte, empregue os parênteses ou o
travessão duplo.
176ª. PARÓDIA.
É a imitação engraçada ou ridícula de
outro texto.
177ª. PERÍFRASE OU AUTONOMÁSIA.
É uma expressão que designa um ser
através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.
Visitou a
cidade do forró.
Pelé, o Rei
do Futebol, fez muitíssimo pelo esporte.
O Príncipe
dos Poetas também teve outras atividades que o tornaram famoso.
178ª. PERÍODO.
Construa períodos com duas ou três
linhas no máximo.
179ª. PINGO.
Não faça “carnaval” na redação. Para
levar a escrita a sério e responsavelmente, coloque pingo (e não bolinha) sobre
o "i" e o "j" minúsculos.
180ª. PLANEJAMENTO.
Toda redação tem: Introdução
(princípio), desenvolvimento (meio) e conclusão (fim).
O planejamento do texto que escreve não
deve ser visto como algo contra sua liberdade de expressão, mas como um guia
para aumentar suas chances de sucesso.
Planeje o texto. Delimite o tema,
defina o objetivo, selecione as ideias capazes de sustentar sua tese. Depois,
faça um plano com o assunto geral do texto, o aspecto do tema que vai ser
tratado, aonde quer chegar e, finalmente, os argumentos, exemplos,
comparações, confrontos e tudo que ajudar na sustentação do ponto de vista que
quer defender.
181ª. PLANO.
Faça sempre, antes de escrever, um
plano escrito de sua redação, para orientar-se e observar melhor a seqüência
das ideias apresentadas.
182ª. PLEONASMO OU REDUNDÂNCIA.
É a repetição desnecessária de
palavras, expressões ou ideias.
FRASES COM
PLEONASMOS
|
CORRIJA-AS PARA
|
Subir para cima
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Subir
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Entrar para dentro
|
Entrar
|
Voltar para trás
|
Voltar
|
A brisa matinal da
manhã enchia-o de alegria.
|
A brisa matinal
enchia-o de alegria.
|
Ele teve uma
hemorragia de sangue.
|
Ele teve uma
hemorragia.
|
No entanto, pode ser usado como figura
de construção, com função estilística, para enfatizar uma ideia e tornar a
mensagem mais expressiva.
A mim,
ensinou-me tudo.
A música
exige ouvidos de ouvir!
As flores, dou-as a você, com carinho.
183ª. PLURAL.
Cuidado com a formação do plural de
algumas palavras, sobretudo as compostas — primeiro-ministro, abaixo-assinado,
luso-brasileiro, etc.
184ª. POLISSEMIA.
Tire proveito da polissemia das
palavras, para criar situações de mal-entendidos e de humor.
Os políticos fazem na vida pública o que os outros fazem na privada.
A máquina de ferro resfolegava à distância, seu apito chegando até os
passageiros que esperavam pelo embarque. Quando o trem parou, a movimentação
tomou conta da plataforma da estação.
185ª. POLISSÍNDETO.
É a repetição de conjunções para
conseguir determinado efeito na frase. Use-o nas enumerações para sugerir o
excesso e a reação da personagem ou do narrador a esse exagero.
FRASES COM
POLISSÍNDETOS
|
Mão gentil, mas cruel, mas traiçoeira.
|
Falei, e falei, e pedi, e supliquei, tudo em vão.
|
Foi então que chorei e chorei até que ele me ouvisse.
|
186ª. PONTO.
Depois de ponto usa-se, sempre, inicial
maiúscula.
Evite escrever mais de duas linhas sem
um ponto final sequer.
Use-o à vontade. Pontos encurtam
frases, dão clareza ao texto e facilitam a compreensão.
Não há ponto após siglas (LTDA, CIA) ou
abreviaturas de metros (m), horas (h), quilômetros (km), etc.
Ao colocar o ponto, faça-o bem redondo
(mas não uma bolota) e bem perto da última letra da palavra. Qualquer rabisco
que ele contiver vai ficar parecendo uma vírgula, o que é errado.
187ª. PONTO DE EXCLAMAÇÃO.
Após um ponto de exclamação (!) a
palavra seguinte não precisa começar com letra maiúscula, pois o ponto de
exclamação funciona como vírgula, não significando o fim da frase.
Ah! como
Renata era linda.
188ª. PONTO E VÍRGULA.
Evite usá-lo, porque só é empregado em
casos muito especiais e serve para marcar uma pausa maior que a vírgula.
Os sem-terra não quiseram resistir; a situação parecia tensa demais.
Vermelho é o sinal para parar; amarelo, para aguardar; verde, para
seguir adiante.
O voto é obrigatório; os eleitores, portanto, deverão exercer esse
direito com consciência.
189ª. PONTUAÇÃO.
Uma pontuação errada pode comprometer
toda a assimilação do conteúdo textual.
A pontuação existe para facilitar a
leitura do texto. O seu texto está bem pontuado?
Distribua harmoniosa e adequadamente as
pausas ao longo da frase, pontuando-a devidamente.
Empregue a pontuação corretamente, pois
uma simples vírgula, fora do lugar adequado, pode mudar profundamente o sentido
da frase.
A pontuação deve obedecer às paradas
respiratórias e, também, à entonação que queiramos dar a cada frase. Uma parada
breve na respiração significa a colocação de uma vírgula, enquanto uma
respiração longa pedirá a colocação de um ponto na frase.
EXEMPLOS DE TEXTOS
CONFUSOS, POR FALTA DE PONTUAÇÃO
|
CORRIJA-OS PARA
|
Maria toma banho e sua mãe diz ela traga-me uma toalha.
|
Maria toma banho e sua; mãe, diz ela, traga-me uma toalha.
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Voar dez mil metros sem beber água uma andorinha só não faz verão.
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Voar dez mil metros sem beber água? Uma andorinha só não faz: verão!
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Um lavrador tinha um bezerro e a mãe do lavrador era também o pai do
bezerro.
|
Um lavrador tinha um bezerro e a mãe. Do lavrador era, também, o pai
do bezerro.
|
190ª. POSITIVO.
Coloque as sentenças na forma positiva.
Diga o que é, nunca o que não é. Em vez de escrever “ele não assiste regularmente às aulas”, escreva “ele falta com frequência às aulas”.
191ª. PRECIOSISMO.
Consiste no uso de palavras ou
expressões antigas (arcaísmos) de construções rebuscadas das frases.
Baixar a
inflação? Isso é colóquio flácido para acalentar bovino.
Na pretérita
centúria, meu progenitor presenciou o acasalamento do astro-rei com a rainha da
noite.
FRASES COM
PRECIOSISMOS
|
PREFIRA
|
O exame fora deveras difícil.
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O exame fora realmente difícil.
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O mancebo deu-me a honra de uma contradança.
|
O rapaz tirou-me para dançar.
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Destarte, não devemos ser assaz exigentes com os alunos.
|
Assim, não devemos ser muito exigentes com os alunos.
|
192ª. PRECISÃO.
Use vocábulos ou expressões adequadas,
ou seja, termos próprios definindo clara e eficientemente a ideia, para não
cair na pobreza de vocabulário. É preciso pesar as palavras e aprender todo o
seu significado, sob pena de usá-las indevidamente na frase.
Certifique-se do significado correto
das palavras que vai utilizar em determinado período e verifique se existe
adequação desse significado com as ideias expostas. A vulgaridade de termos ou
impropriedade de sentido empobrecem bastante o texto.
ALGUNS EXEMPLOS DEPLORÁVEIS
|
CORREÇÃO
|
Estou convincente de
que...
|
Estou
convencido de que...
|
Era um
tapete de alta valorização...
|
Era um
tapete de alto valor...
|
Urgem
campanhas no sentido de exterminar os analfabetos.
|
Urgem
campanhas no sentido de exterminar o analfabetismo.
|
É
impossível conhecer os antepassados dos candidatos...
|
É
impossível conhecer os antecedentes dos candidatos...
|
193ª. PRECONCEITO.
Não escreva a palavra “judia” nem
outros termos que tenham conotação preconceituosa.
194ª. PREGUIÇA.
Lembre-se: as piores inimigas da
redação são a preguiça mental e a falta de leitura.
195ª. PRIMEIRA PESSOA.
A redação deve ter o caráter impessoal
(3ª pessoa), evitando-se a 1ª pessoa, principalmente a do singular, salvo
em citações.
Não utilize a primeira pessoa em sua
redação, principalmente quando for determinado texto objetivo. Alguns
vestibulares tiram pontos caso a use. Sua opinião deverá ser dada por um
sujeito indeterminado.
Evite expressões do tipo: “Na minha opinião”, “Ao meu ver”, etc.
Em vez de: “Eu acho que a privatização deveria acontecer...”, escreva: “A privatização deveria acontecer...”
196ª. PRIMEIRO LUGAR.
Não se coloque em primeiro lugar, ao
citar-se juntamente com outras pessoas.
ESCREVA,
CORRETAMENTE
|
Roberto, Paula e eu
gostamos da festa.
|
Meu pai e eu somos
bons amigos.
|
197ª. PROCURAÇÃO.
Documento que autoriza outra pessoa a
tratar de seus negócios. É obrigatório o reconhecimento de firma.
198ª. PROLIXO.
Linguagem prolixa é aquela desenvolvida
através de termos e expressões supérfluas, digressões inúteis, excesso de
adjetivos, períodos extensos e emaranhados.
Ser prolixo é ficar “enrolando”,
“enchendo lingüiça”, não ir direto ao assunto.
Antes de mais nada, sem mais delongas, permito-me apresentar minhas
sinceras e respeitosas discordâncias com relação às proposições que vossa
senhoria fez presentes nesse colóquio.
Expressões prolixas: antes de mais nada, muito pelo contrário, por outro lado, por sua vez.
199ª. PRONOME.
Cuidado com o emprego ambíguo dos
pronomes seu, sua, dele, dela.
Não comece frase com pronome.
ERRADO
|
CERTO
|
Me dá
|
Dá-me
|
Me presenteou
|
Presenteou-me
|
Lhe disse isso
|
Disse-lhe isso
|
Evite usar pronomes a todo o
momento.
EM VEZ DE
|
PREFIRA
|
Eu brinquei
|
Brinquei
|
Eu estudei
|
Estudei
|
Eu dormi
|
Dormi
|
Não empregue pronomes pessoais do caso
reto no lugar do pronome oblíquo. Escreva sempre “julgá-lo”, nunca “julgar
ele”.
200ª. PROSOPOPÉIA.
É a atribuição de qualidades ou
sentimentos humanos a seres irracionais ou inanimados.
A Lua
espia-nos através da vidraça.
A raposa
disse algo que convenceu o corvo.
O tempo
passou na janela e só Carolina não viu.
201ª. PROVÉRBIO OU DITO POPULAR.
Não utilize provérbios, ditos
populares, frases feitas, pois eles empobrecem a redação. Faz parecer que seu
autor não tem criatividade ao lançar mão de formas já gastas pelo uso frequente.
Portanto, nada de ficar usando:
A palavra é de prata e o silêncio de ouro.
Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido.
Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempestade sempre vem a
bonança. Após longo suplício, meu coração apaziguava as tormentas e a sensatez
me mostrava que só estaríamos separadas carnalmente.
202ª. QUANTIDADE DE LINHAS.
Não deixe linhas em branco no corpo do
texto.
Não faça menos nem ultrapasse o máximo
de linhas exigido na redação.
Quando for redigir alguns temas, para
efeito de treinamento, escreva 15 (quinze) linhas no mínimo a 30 (trinta)
linhas no máximo, pois é assim que são pedidas as redações em vestibulares e
concursos.
203ª. QUE, DE QUE.
Lembre-se de que os verbos gostar e
precisar são transitivos diretos e, portanto, são sempre precedidos de “de
que”.
ERRADO
|
CERTO
|
Outra coisa que gostei.
|
Outra coisa de que gostei.
|
O livro que precisava era aquele.
|
O livro de que precisava era aquele.
|
Este é o professor que lhe falei.
|
Este é o professor de quem lhe falei.
|
204ª. QUEÍSMO.
É o uso excessivo do “que”, cuja consequência
é produzir períodos longos. Evite-o.
ERRADO
|
CERTO
|
Aquele que diz que faz que é forte e que tudo pode é que teme que se
diga dele que é fraco e que nada pode.
|
Quem diz ser forte e tudo poder teme que se revele sua fraqueza e
impotência.
|
Este é o apartamento que comprei de João, que tinha outros seis
imóveis que estavam todos à venda.
|
Este é o apartamento que comprei de João, dono também de outros seis
imóveis. Estavam todos à venda.
|
205ª. RADICALISMO.
Não afirme o que não pode provar.
Evite análises radicais e posições
extremistas, injustas e levianas.
Nada como um texto equilibrado.
Posicione-se, mas sem exagero.
Todos os
deputados são corruptos.
A bem da verdade, nem todos o são, não
é mesmo?
Esse tipo de
gente merece ser exterminado.
Radical demais, não lhe parece? E até
grosseiro!
206ª. RASCUNHO.
Jamais deixe de fazer o rascunho. Ele é
a primeira versão do texto. Os escritores fazem várias versões de seus livros
antes de publicá-los. Não seja você, um iniciante, a querer dispensá-lo. Nele
há a possibilidade de melhorar sua redação, alterar palavras, construir melhor
os períodos, mudar a posição dos parágrafos, etc.
Para evitar rasuras no texto
definitivo, releia o rascunho com muita atenção. Não tenha preguiça nem pressa
em passá-lo a limpo. O sucesso do seu texto depende, muitas vezes, de uma
leitura atenta e cuidadosa do rascunho.
Ao reler o rascunho, você se torna um
leitor crítico do próprio texto. Revise-o com muita atenção: elimine,
acrescente, substitua. Questione o seu texto. Esse trabalho irá, certamente,
contribuir para a qualidade de seu texto definitivo.
207ª. RASURAS, BORRÕES.
Não use borracha.
Não apresente as questões desarrumadas
e riscadas.
Não faça rasuras, marcas, sinais e
borrões no corpo da redação.
Em caso de erro na redação já passada a
limpo, risque o que estiver errado e escreva adiante de modo correto.
208ª. REALIDADE.
A realidade pode ser reproduzida
literalmente ou, a partir dela, pode-se criar uma outra, com sensibilidade e
imaginação.
Dorme a
floresta circundante, sem sussurros de brisas, nem regorjeio de aves. Só o
urutau pia longe, e uma ou outra suindara perpassa. No centro do terreiro,
atado a um poste da canjerana rija, o prisioneiro branco vela.
As lágrimas
da cidade enchiam bueiros que não aguentavam e empurravam para fora toda a
sujeira interior. Os carros parados, na infinita espera de algo que não iria
acontecer, com suas buzinas destoantes do choro de São Paulo.
209ª. RECIBO.
É um documento que comprova o
recebimento de um pagamento.
210ª. REDAÇÃO OU COMPOSIÇÃO.
Leia atentamente o que está sendo
solicitado.
As provas de redação têm maior peso na
maioria dos vestibulares.
Planeje o texto sem utilizar fórmulas
prontas. O fio condutor deve ser seu pensamento. Acredite em seus pontos de
vista e defenda-os com convicção. Eles são seu maior trunfo. Capriche no
conteúdo, não se desviando do tema proposto, e não se descuide da parte
gramatical.
Escrever uma redação é como vender um
peixe. Você precisa convencer o cliente da qualidade do seu produto. O texto
escrito não é para você. Será lido e entendido por outras pessoas. Ninguém vai
perder tempo para ler textos confusos e ininteligíveis. Portanto, capriche na
escrita, alinhe os parágrafos, escolha bem o vocabulário, mostre organização.
Leia e releia aquilo que escreveu e
faça a você mesmo as seguintes perguntas: será que vão entender minhas ideias?
Fui claro em minhas exposições? As orações estão bem coordenadas entre si? Será
que os períodos estão muito longos e cansativos para quem irá lê-los? Escrevi
muito e não disse nada? Houve fuga do tema? Escrevi o mínimo de linhas exigido
pelo vestibular?
211ª. REDUNDÂNCIA.
Cuidado com as redundâncias. É errado
escrever, por exemplo: “Há cinco anos
atrás”. Corte o “há” ou dispense o “atrás”. O certo é “Há cinco anos...”.
212ª. REGÊNCIA.
Fique atento à regência de verbos e
nomes, sobretudo daqueles que exigem a preposição “a”, para não cometer erro no
emprego da crase.
213ª. REGÊNCIA VERBAL.
Regência Verbal é um assunto
complicado, não acha? Não deveria ser, mas é. Existem vícios que desvirtuam a
correta regência de diversos verbos.
O verbo “desfrutar” é muito empregado
com regência errada. Por ser transitivo direto, não exige preposição antes de
seu complemento. No entanto, o que mais se vê é um “de” insistente
acompanhando-o, como na frase: “Eu e
meu amigo desfrutamos das férias num paradisíaco balneário”. Errado! O
correto é: “Eu e meu amigo desfrutamos
as férias num paradisíaco balneário”.
214ª. RELER.
Releia com o máximo de atenção o texto
que escreveu, antes de passá-lo a limpo, para não deixar ficar erros bobos,
tolos, que poderão comprometer seriamente sua nota final.
Lembre-se: é fundamental pensar,
planejar, escrever e reler seu texto. Mesmo com todos os cuidados, pode ser que
não consiga se expressar de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar.
Com calma, verifique se os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se não
repetiu palavras e ideias. À medida que relê o texto, essas falhas aparecem,
inclusive erros de ortografia e acentuação. Não se apegue ao escrito. Refaça o
texto, se for preciso. Não tenha preguiça, passe tudo a limpo quantas vezes
forem necessárias. No computador, esta tarefa se torna mais fácil. Faça sempre
uma cópia do texto original. Assim se sentirá à vontade para corrigi-lo quantas
vezes quiser.
215ª. RELIGIÃO.
Não faça propaganda de doutrinas
religiosas na redação. Mantenha-se sempre imparcial.
A religião, qualquer que seja ela, é
uma questão de fé; a dissertação, por sua vez, é uma questão de argumentação,
que se baseia na lógica. São, portanto, duas áreas situadas em diferentes
planos. Não há como argumentar de modo convincente com base em dogmas
religiosos; os preceitos de fé independem de provas ou evidências constatáveis.
Torna-se, assim, completamente descabido fundamentar qualquer tema dissertativo
em ideias que se situem em um plano que transcende a razão.
216ª. REPETIÇÃO.
Evite:
Dizer a mesma coisa duas vezes para
explicar melhor.
Pormenores (detalhes), divagações,
exemplos excessivos.
Palavras terminadas em “ão”, “ade”,
“ente”, etc, pois provocam eco (rima inconveniente e condenável) na redação.
Repetições de palavras e de ideias,
principalmente no mesmo parágrafo. Troque-as por sinônimos. A repetição de
palavras denota falta de cultura, de conhecimento geral e pobreza de
vocabulário, além de certa preguiça mental.
O emprego repetitivo das palavras eu,
nós, ele, ela, e, que, porque, daí, aí, então, mas (esta, por exemplo, pode ser
substituída por contudo, todavia, no entanto).
217ª. REPORTAGEM.
É uma notícia em profundidade.
Caracteriza-se pela exposição enriquecida e profunda do fato.
218ª. REQUERIMENTO.
É um documento (texto administrativo),
manuscrito ou datilografado, no qual o cidadão (interessado), depois de se
identificar e se qualificar, faz um pedido (solicitação) à autoridade
competente. Só é usado quando é pedido ao serviço público. Se traz a
solicitação de várias pessoas, chama-se Memorial.
219ª. RESUMO.
Num resumo, não comente as ideias do
autor. Registre apenas o que ele escreveu, sem usar expressões como segundo o autor..., o autor afirmou que....
Resumo é uma síntese das ideias, fatos
e argumentos contidos num texto. Para fazê-lo, empregue suas próprias palavras,
evitando, na medida do possível, reproduzir cópias do texto original.
Ler não é apenas passar os olhos no
texto. É preciso saber tirar dele o que é mais importante, facilitando o
trabalho da memória. Saber condensar as ideias expressas em um texto não é
difícil, basta reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse.
220ª. RETICÊNCIAS.
Nas dissertações objetivas, evite as
reticências. A clareza na exposição é preferível a esperar que o leitor
adivinhe o que você quis dizer.
As reticências marcam uma interrupção
da sequencia lógica do enunciado, com a consequente suspensão da melodia. É
utilizada para permitir que o leitor complemente o pensamento suspenso.
A língua escrita apresenta muitas
diferenças em relação à língua falada. Observe como as reticências às vezes são
utilizadas para criar o clima de mistério: “era sexta-feira...”
221ª. REVISÃO.
Revise a redação. Ela tem começo, meio
e fim? Defendeu seu ponto de vista de maneira convincente? Escreveu parágrafos
com tópico frasal e desenvolvimento? Respeitou as normas gramaticais vigentes?
Quando for revisar a redação, redobre
os cuidados com a crase e a concordância. Triplique a atenção com a voz passiva
sintética (do tipo "vendem-se carros") e do sujeito posposto ao
verbo.
222ª. RISO.
Tire partido dos dados imprevisíveis e
inadequados para conseguir o interesse do leitor pelo texto (e, muitas vezes, o
riso).
— Ah, estou com vontade de passar a noite com a Luiza Brunet de novo. —
O quê? Não me diga que já passou a noite com ela? — Não, mas já tive vontade
antes.
Nem acreditei que aquele rapaz, tão jovem, olhava para mim! Então, ele
gritou: — Tia, o porta-malas está aberto! — Fui para casa, com o porta-malas
aberto e a cara mais fechada do que fundo de touro subindo a ladeira.
223ª. ROMANTISMO.
Afaste-se do romantismo fácil, mas não
se furte à sinceridade da apresentação de seus sentimentos.
E quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho,
lhe reconhece, sorri e diz “Vó”, seu coração estala de felicidade, como pão ao
forno.
Os céticos dizem que as mulheres são verdadeiras surpresas, nem sempre
muito agradáveis. Mas, como saber, se não tentar chegar ao fundo dos nossos
sentimentos? E, se amo, tenho de arriscar, concordam comigo?
224ª. SILEPSE.
É a concordância com a ideia, não com a
palavra escrita.
Vossa
Majestade continua bondoso!
Os
brasileiros somos muito otimistas.
Corria gente
de todos lados, e gritavam.
225ª. SIMPLICIDADE.
Escreva com suas próprias palavras e
produza novas ideias.
Use palavras conhecidas, adequadas e
períodos curtos. Escreva com o máximo de simplicidade. Amarre as frases,
organizando as ideias. Cuidado para não mudar de assunto de repente. Conduza o
leitor de maneira leve pela linha da argumentação.
Alguns estudantes pensam que,
utilizando palavras pomposas, artificiais, difíceis e rebuscadas, conseguirão impressionar os corretores de provas.
Puro engano! Os vocábulos devem ser os mais comuns possíveis. Portanto,
escreva com simplicidade. O uso de termos complicados não é prova de que você
sabe escrever bem.
Neste tempo em que é preciso, ainda que ocasionalmente, jactar-se do
que produzimos intelectualmente, far-nos-á muito bem que tenhamos, por hora, um
projeto desenvolvimentista uniforme capaz de...
Ora, qualquer banca corretora, ao ler o
texto acima, vai saber muito bem tratar-se de um plágio de alguém, ou, então,
achar que você é um marciano!
226ª. SINAIS.
Faça o til e o cedilha com nitidez, e
não simples rabiscos ou traços confusos e inexpressivos.
227ª. SINESTESIA.
É uma espécie de metáfora que consiste
na união de impressões sensoriais diferentes.
Use-a, se puder, para, através de duas
sensações, indicar mais vivamente um objeto ou ser.
Um grito
áspero, palavras douradas, cheiro quente.
O cheiro
doce e verde do capim trazia recordações da fazenda...
A presença inesperada do
sumo pontífice no encontro comoveu a todos. O toque de mão suave, o semblante
sereno, o leve odor de rosas que emanava de sua presença provocou em todos uma
sensação de paz.
228ª. SOLECISMOS.
Ocorre quando há desvios de sintaxe
quanto à concordância, regência ou colocação.
Obedeça o
chefe.
Quem fez
isso foi eu.
Faltou
muitos alunos no dia do jogo da Seleção do Brasil.
Que fique bem claro uma coisa: as
frases acima estão gramaticalmente incorretas.
229ª. SUBSTANTIVO, VERBO.
Abuse do uso de substantivos e verbos.
Seja sovina com adjetivos e advérbios. Eles são os inimigos do estilo enxuto.
Matar ou
matar. De quebra, morrer. No campo de batalha o soldado pouca chances tem de
escolhas diferentes dessas.
A tarde cai.
O céu escurece rapidamente, como convém à estação outonal. O silêncio vai se
instalando na pequena vila onde, a partir de agora, só o luar iluminará as ruas.
230ª. SUJEITO.
A menos que queira enfatizar muito o
sujeito, ou precise evitar confusão na interpretação sobre quem está falando,
omita o pronome sujeito, ou não abuse de seu emprego.
Ao longe, avistaram um velho abatido vindo ao encontro deles. Decidiram
parar. “Credo! Isso é coisa do demo!”, falou o terceiro se benzendo. É... e
eles tinham razão.
Pedro resolveu omitir seu nome. Na verdade, ninguém precisaria
saber que era filho de empresário famoso; nada lhe acrescentaria de
bom e, ao contrário, poderia tornar-se alvo de bandidos naquela região perigosa
do Rio.
231ª. SUPERLATIVOS.
Cuidado com “superlativos criativos” do
tipo “mesmamente”, “apenasmente”, etc.
232ª. SUSPENSE.
Quando quiser criar suspense, acumule
dados, ação inesperada, apresente consequências, deixando a causa para o final.
Todos estavam apreensivos, esperando o anúncio do vencedor do concurso.
O mestre-de-cerimômias abre a solenidade com uma longa lista de agradecimentos.
A cada nome, a ovação da plateia interrompe o correr da solenidade. Começa
agora a leitura dos nomes dos vencedores. Juliano está com o coração na mão. O
envelope vai ser aberto. Mas tudo escurece subitamente. Não é que falta luz no
exato momento em que os nomes seriam anunciados! Juliano não aguenta a
ansiedade.
233ª. T (minúsculo).
Corte-o corretamente, sem floreio, mais
ou menos no meio, totalmente, e não um traço qualquer, em cima.
234ª. TAMANHO DA FOLHA.
Use, para treinamento, folha de papel
almaço (pautado) ou, então, folha de caderno escolar para 10 (dez) matérias (o
maior), espiral.
235ª. TAMANHO DAS LETRAS.
Escreva com letras médias (nem muito
grandes, nem muito pequenas). Letras muito pequenas vão dificultar a correção
do texto e letras muito grandes vão proporcionar poucas palavras em cada linha
e, consequentemente, uma abordagem superficial do assunto.
236ª. TELEGRAMA.
É utilizado para comunicação urgente.
Deve-se suprimir do pequeno texto qualquer palavra dispensável, como artigos,
preposições, conjunções e sinais de pontuação. Ponto será grafado com PT e
vírgula com VG.
237ª. TEMA.
Leia o tema que vai desenvolver com
atenção, analisando com profundidade as ideias nele contidas.
Fácil ou difícil, agradável ou não, o
tema terá que ser enfrentado. A melhor atitude será recebê-lo com simpatia,
disposição e otimismo.
Redija usando argumentos fortes e
consistentes. O floreio e o enche
linguiça nada acrescentam à qualidade do texto de uma redação.
O tema é o assunto sobre o qual se
escreve, ou seja, a ideia que será defendida ao longo da dissertação. Deve
tê-lo como um elemento abstrato. Nunca se refira a ele como parte do texto.
Não fuja do tema proposto, nem invente
títulos, escolhendo outro argumento com o qual tenha maior afinidade. O
distanciamento do assunto pode custar pontos importantes na avaliação da
redação.
Não fugir do tema significa abordá-lo
da maneira como foi proposto, isto é, nem restringindo demais a abordagem nem
extrapolando para assuntos que não tenham relação direta com ele.
Se o seu objetivo é ser favorável à
privatização das estradas, use argumentos sólidos que justifiquem o porquê de
sua posição. Tente convencer o leitor e mantenha clara a sua opção.
Se o tema for “O clima do Brasil”, não
adiantará fazer uma obra-prima versando sobre “O clima de Minas Gerais”,
porquanto o seu trabalho resultará inútil. Os corretores vão considerar que
houve fuga ao tema proposto. Sabe qual a nota que terá nesse caso? ZERO!
Quais os temas que podem cair nas
provas de Redação? A tendência das bancas examinadoras tem sido solicitar dois
tipos de temas: objetivos, os relacionados aos problemas atuais, presentes na
mídia (sociais, tecnológicos, econômicos, etc.); subjetivos, os que
envolvem o comportamento e o sentimento das pessoas.
238ª. TEMPO.
Não acelere o ritmo para acabar logo a
redação nem demore demais para não perder tempo.
239ª. TEMPOS VERBAIS.
Procure tirar proveito da mudança dos
tempos verbais, usando-os, por exemplo, para fazer generalizações.
O larápio não deixou de
roubar após ter passado um bom tempo na prisão. Ora, por esse caso podemos ver
que nem sempre a prisão recupera os criminosos.
240ª. TEORIA.
Se precisar provar a alguém, ou a você
mesmo, uma teoria, use o raciocínio lógico e, se for o caso, hipotético.
Democracia verdadeira não existe sem educação. O indivíduo sem estudo é
presa fácil do engodo, da retórica vazia, das promessas irrealizáveis. Imagine
alguém que mal sabe escrever o nome ouvindo o discurso embolado de um de nossos
políticos. Poderá julgar com clareza o que estão lhe dizendo, avaliando a
proposta que melhor satisfaz aos seus interesses?
241ª. TERCEIROS.
Não utilize exemplos contando fatos
ocorridos com terceiros, que não sejam de domínio público.
242ª. TEXTO.
O fato que contou, em seu texto, é
interessante? Gostaria de ouvi-lo de outra pessoa? Tenha sempre senso crítico.
Não utilize os termos “eu acho”, “penso”, “para mim”,
etc. O texto já é sua opinião pessoal, não precisa enfatizar, ser repetitivo.
Em vez de escrever “Eu acho a internet
legal”, escreva: “A internet é
legal”.
Não use expressões como “vou ir” e “de leve”, mas, sim, “irei”
e “levemente”.
243ª. TÍTULO.
Evite o uso das aspas no título.
Pule uma ou duas linhas entre o título
e o início do texto.
Evite iniciar a redação com as mesmas
palavras do título.
Os títulos devem ser escritos de forma
abreviada (resumida).
Não há pontuação após o título, a não
ser que seja frase ou citação.
Coloque o título centralizado (no
centro da folha), antes do início da redação.
É uma expressão, geralmente curta e sem
verbo, colocada antes da dissertação.
Em títulos de redação, por questão de
ênfase, usam-se iniciais maiúsculas:
Minhas Férias de Julho, Nossa Visita ao Frisuba.
Não coloque a palavra título antes do
TÍTULO nem o termo FIM ao terminar a redação. O óbvio não precisa ser
explicado.
244ª. “TRANSPIRAÇÃO”.
É a hora da montagem do texto, a
escolha do que deve ficar e do que deve sair.
Após a seleção das ideias que serão
usadas, ordene as frases, percebendo a diferença entre o principal e o secundário,
hierarquizando a sequencia de parágrafos de modo a tornar claro o seu
texto.
245ª. TRAVESSÃO.
Na redação, o travessão tem a função
dos parênteses ou das vírgulas usadas em dupla, sendo empregado para separar
expressões intercaladas.
Pelé — o
maior jogador de futebol de todos os tempos — hoje é um empresário bem-sucedido.
A sociedade
precisa lutar por conquistas sociais - tão prometidas pelos governos, mas nunca
concretizadas - a fim de ver reduzidas as diferenças entre pobres e ricos.
246ª. U, V.
Faça-os com clareza e nitidez porque,
caso contrário, o U ficará parecendo o V.
247ª. ÚLTIMO.
Evite escrever “último”, no sentido de “mais
recente”.
248ª. UNIDADE
A redação deve ter unidade, por mais
longa que seja. Trace uma linha coerente do começo ao final do texto. Não pode
perder de vista essa trajetória. Muita atenção no que escreve para não fugir do
assunto.
249ª. VERBO.
Evite o emprego de verbos auxiliares.
Faça a concordância correta dos tempos
verbais.
Evite o uso de verbos genéricos, como “dar”, “fazer”, “ser” e
“ter”.
Flexione corretamente os verbos quando
for usar o gerúndio ou o particípio.
O verbo “fazer”, no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado
escrever: “Fazem alguns anos que não
leio um livro”. O certo é: “Faz
alguns anos que não leio um livro”.
Os verbos defectivos não possuem todas
as pessoas conjugadas. O presente indicativo do verbo “adequar” só apresenta as formas de primeira e segunda pessoas do
plural (adequamos, adequais). As outras simplesmente não existem, não adianta
inventar. Logo, nada de sair por aí dizendo (ou escrevendo) coisas como: “Eles não se adequam ao meu sistema de
trabalho” ou: “Eu não me adequo
ao seu modo de pensar”. No caso, use o verbo equivalente: “adaptar”.
250ª. VÍRGULA.
Vêm, geralmente, entre vírgulas: isto
é, ou seja, a saber, etc.
Coloque-a bem próxima da última letra
da palavra (e não distante).
Leia os bons autores e faça como eles:
trate a vírgula com bons modos e carinho.
Nunca coloque vírgula entre o sujeito e
o verbo, nem entre o verbo e o seu complemento.
Só com a leitura intensiva se aprende a
usar vírgulas corretamente. As regras sobre o assunto são insuficientes.
É o sinal de pontuação mais importante
e que tem maior variedade de uso. Por essa razão, é o que também oferece mais
oportunidade de erro.
Coloque a vírgula com clareza, a saber,
um pontinho com uma perninha levemente
voltada para a esquerda, e não um tracinho ou um risquinho qualquer.
As vírgulas, quando bem empregadas,
contribuem para dar clareza, precisão e elegância às frases. Em excesso,
provocam confusão e cansaço. Frase cheia de vírgulas está pedindo um ponto.
251ª. VOCABULÁRIO SIMPLES.
Algo fantástico para enriquecer o seu
vocabulário? Palavras cruzadas.
A limitação do vocabulário não impede
um raciocínio inteligente e incisivo.
Use uma linguagem simples, empregando,
somente, as palavras cujo sentido você conhece bem. Não fique inventando,
querendo usar vocábulos difíceis, cujos significados nada têm a ver com o que
está escrevendo.
252ª. VOZ ALTA.
Após fazer uma redação, leia o texto em
voz alta, várias vezes. É uma boa técnica para descobrir seus erros.
253ª. VOZ ATIVA.
Opte pela voz ativa. Ela deixa o texto
esperto, vigoroso e conciso. A passiva, ao contrário, deixa-o desmaiado,
flácido, sem graça. Em vez de: A
redação foi feita pelos alunos da 4ª série, prefira: Os alunos da 4ª série fizeram a redação.
254ª. VOZ PASSIVA.
Use a voz passiva quando quiser realçar
o paciente da ação, transformando-o em sujeito (embora não aja).
A porta foi aberta com violência.
255ª. VULGAR.
Não seja vulgar nem use termos
considerados chulos e obscenos (palavrões). Gírias e expressões populares, só
entre aspas. Os assuntos devem ser trabalhados com certa distinção e
delicadeza.
256ª. ZEUGMA.
É a omissão de um termo anteriormente
expresso, ainda que em flexão diferente.
Eu jogo
futebol; ela, basquete.
Foi saqueada
a vila, e assassinados os partidários de Sadan.
FONTE:http://sitenotadez.net